Homem que diz estar ‘1.000% com Hamas’ é presidente do PCO, não ministro de Lula

Postagens enganosas confundem Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, com Rui Costa Pimenta, líder de legenda de extrema-esquerda

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Por Marcos Furtado, especial para o Estadão

O que estão compartilhando: vídeo em que o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, se posiciona a favor do Hamas no conflito contra Israel.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Na realidade, o autor do discurso é o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta. “A nossa posição, do PCO, é 1000% com o Hamas. Não é 100, não é 200, não é 300. É 1000%”, diz ele no vídeo, gravado no dia 7 de outubro. O PCO se define como uma sigla de extrema-esquerda. Por outro lado, o chefe da Casa Civil apenas condenou o conflito e não chegou a declarar apoio ao Hamas ou a Israel.

Homem que defende Hamas é presidente do PCO, não ministro de Lula Foto: Arte/Estadão

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Saiba mais: O vídeo com Rui Costa Pimenta é um trecho de uma transmissão ao vivo do canal no YouTube da Causa Operária TV (COTV), no dia 7 de outubro. “Nós, aqui, não vamos aceitar nenhum tipo de hipocrisia política, cujo único resultado vai ser um novo massacre e a continuidade do esmagamento permanente da população palestina”, afirmou ele no vídeo.

O trecho da transmissão ao vivo foi compartilhado em postagens que fazem a associação enganosa ao ministro de Lula. Nos comentários dos posts, internautas demonstraram acreditar que fosse Rui Costa quem defendia o Hamas. “Esse desgoverno está ferrando nosso País”, reagiu uma das pessoas. “Se você é tão a favor do Hamas, vai dar uma mãozinha a eles e leva toda petezada junta!!!!! Qual o nível de escrúpulo de um homem deste??????”, perguntou outra. “Manda o povo que votou em Lula fazer valer os 1000%, aí ninguém vai”, sugeriu uma terceira.

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A assessoria de Lula repudiou a divulgação de conteúdo com informações falsas com finalidades políticas. Em relação ao conflito no Oriente Médio, a Presidência afirmou se esforçar pela criação de um corredor humanitário para o resgate de estrangeiros. “O Brasil, no exercício da presidência do Conselho de Segurança da ONU, manterá atuação incansável para evitar um desastre humanitário ainda maior e o alastramento do conflito”, comunicou, em nota.

O ministro Rui Costa não respondeu ao contato. Na segunda-feira, 16, Costa afirmou em transmissão ao vivo que concorda com o posicionamento de Lula sobre o conflito do Oriente Médio. “Muitos deles [vítimas dos ataques], inclusive, podiam ser simpáticos até à existência do Estado Palestino, estavam ali e foram mortos, massacrado. Então essa ação é uma ação terrorista. Assim como quando um estado bombardeia um hospital sabendo que ali tem criança é um ato terrorista”, opinou.

Procurado, o PCO não respondeu. Em outra entrevista, transmitida ao vivo pelo canal no YouTube da TV 247, no dia 13 de outubro, Rui Costa Pimenta criticou a postura de Lula diante do conflito. “Achei a posição do governo errada, principalmente a primeira colocação do Lula sobre o terrorismo na Palestina. Tem terrorismo nenhum. O que tem lá é uma situação de terror permanente”, avaliou.

Como começou a guerra?

A guerra entre Israel e Hamas começou no dia 7, depois de um ataque do grupo extremista que deixou mais de 900 mortos. Jerusalém respondeu à ofensiva com um decreto de estado de guerra e bombardeios na Faixa de Gaza. Em 12 dias de conflitos, há mais de 4 mil mortos, sendo 3 mil palestinos e 1,4 mil israelenses. A maioria das vítimas é de civis.

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No dia 18, os Estados Unidos vetaram, de forma isolada, uma proposta de resolução patrocinada pelo Brasil sobre a guerra, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A diplomacia dos EUA justificou o veto devido à ausência de menção ao direito de autodefesa de Israel.

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