O que estão compartilhando: postagem afirma que mais de 30 cidades estão em situação de emergência no Maranhão por causa das chuvas e que mais de mil famílias estão desabrigadas. O texto é acompanhado de três imagens. Uma mostra várias casas submersas e as outras duas apresentam pessoas andando em ruas, com a água na cintura, transportando objetos pessoais, como um freezer.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque as três imagens não são atuais. Duas delas foram registradas em março de 2023 (aqui e aqui), quando enchentes de grandes proporções atingiram o Maranhão, e a terceira é ainda mais antiga, de 2018. Atualmente, 31 cidades do Maranhão estão em estado de emergência por causa de chuvas (leia mais abaixo).
Saiba mais: Nenhuma das três imagens utilizadas em um post no X (antigo Twitter) sobre as cheias no Maranhão foram registradas neste ano. A primeira, que mostra dezenas de casas submersas, e a segunda, que tem crianças andando em ruas tomadas pela água, foram publicadas em março de 2023 pelo G1 Maranhão, que noticiava a situação das fortes enchentes registradas naquele período.
A terceira, que mostra pessoas carregando utensílios com a água na cintura, é ainda mais antiga. Foi publicada pelo site local Portal Pindaré em abril de 2018, quando o Estado também sofreu inundações.
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Na rede social Threads, circula outro post que divulga duas imagens de pessoas em barcos trafegando em zonas urbanas. Uma delas mostra pessoas retirando móveis de dentro de casas. O texto que acompanha as fotos diz que o Maranhão também precisa de ajuda porque são várias cidades debaixo d’água e muita gente sem casa.
As duas fotos também são do ano passado. A que mostra pessoas fazendo mudança foi publicada pelo UOL ao noticiar enchentes no Maranhão e no Pará, e foi registrada em Bacabal (MA). A segunda foi postada por diversos sites de notícias no ano passado, dentre eles a Agência Brasil, que creditou a foto ao governo do Maranhão.
O que está acontecendo no Maranhão?
Na noite de quinta-feira, 9, o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), publicou nas redes sociais que imagens que mostram cidades tomadas por enchentes são antigas e não refletem a realidade. Segundo ele, atualmente não há cidade coberta por água.
Apesar disso, os portais de notícias G1 e Imirante publicaram nesta sexta imagens de alagamentos em Barreirinhas, a 260 km da capital, São Luís. Segundo as reportagens, 450 famílias foram afetadas. Segundo o Imirante, 150 pessoas foram desalojadas. O portal afirma que, com a diminuição do nível das águas, algumas voltaram para suas casas.
O governo do Maranhão informou ao Verifica que 31 municípios estão em situação de emergência. Na postagem, Brandão disse que nessas cidades “a própria gestão do município consegue atuar”. Segundo ele, apenas Santa Inês decretou calamidade pública, “em razão de uma rodovia federal ter sido cortada”.
Na manhã desta sexta-feira, 10, o coronel Célio Roberto Pinto de Araújo, comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão, informou que atualmente não há famílias em abrigos. Dois dias antes, na quarta-feira, 8, a Defesa Civil havia informado ter 1.031 famílias desabrigadas e 2.909 desalojadas, o que foi divulgado por sites de notícias como G1, UOL e Agência Brasil.
O Verifica perguntou à assessoria de imprensa do governo maranhense o número atual de pessoas desalojadas pela chuva. A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil respondeu que “não existem famílias desabrigadas ou desalojadas em decorrência das chuvas no Maranhão”.
Na postagem publicada na noite de quinta-feira, o governador afirmou que as famílias que haviam sido desabrigadas por inundações já haviam retornado para suas casas. No texto, Brandão pediu calma e acrescentou que “ano passado vivenciamos um momento muito mais difícil” e que “este ano as dificuldades estão abaixo do que já passamos”.
O Verifica procurou o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional para saber se o Maranhão ou algum município do Estado solicitou apoio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, mas não houve retorno até a publicação.
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