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Post resgata matéria de 2017 sobre contas na Suíça; delação não gerou acusação contra Lula e Dilma

Postagem recupera reportagem antiga do Jornal Nacional; investigação do caso não comprovou que dinheiro beneficiou políticos

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Foto do author Vinícius Novais

O que estão compartilhando: vídeo mostra reportagem do Jornal Nacional sobre delação premiada do dono da JBS, Joesley Batista. Ele afirmou ter aberto contas na Suíça em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ex-presidente Dilma Rousseff, com R$ 300 milhões em propina que seria usada em campanhas eleitorais.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: a postagem é enganosa, pois não mostra os desdobramentos que ocorreram depois da divulgação da notícia, em maio de 2017. A delação não resultou em acusação criminal contra Lula ou Dilma. Em agosto de 2017, o então procurador da República no Distrito Federal Ivan Claudio Marx informou ao Estadão que Joesley não apresentou provas de que os petistas foram beneficiados ou sabiam das contas no exterior. “É uma história que ele (Joesley) contou, que pode ser verdade ou mentira, mas é insuscetível (inalcançável) de prova”, disse.

Reportagem sobre contas na Suíça é de 2017 Foto: Reprodução/Instagram

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Saiba mais: A reportagem mostrada na postagem foi veiculada no Jornal Nacional em 19 de maio de 2017. Depois, o telejornal divulgou uma correção, que dizia: “Na reportagem que foi ao ar o Jornal Nacional cometeu uma imprecisão. Dissemos que Joesley Batista tinha contado na delação premiada detalhes de duas contas correntes no exterior em nome dos ex-presidentes Lula e Dilma. Na verdade, Joesley Batista disse no depoimento que mantinha no nome dele duas contas com dinheiro destinado a Lula e Dilma, a ser usado em campanhas eleitorais”.

O Estadão publicou uma reportagem em 2 de junho de 2017 em que relata que o banco Julius Baer, usado por Joesley, havia fechado as contas do brasileiro na Suíça, informado as autoridades do país europeu e transferido o dinheiro para Nova York, onde vivia o empresário. A instituição bancária havia considerado transações suspeitas e sem justificativa. O encerramento ocorreu antes mesmo da divulgação da delação no Jornal Nacional.

As informações coletadas pelas autoridades europeias foram enviadas para a Procuradoria Geral da República (PGR) para colaborar com as investigações. No entanto, o envolvimento dos petistas não foi confirmado.

Na época em que a delação foi divulgada, a defesa de Lula declarou que as acusações vinham de diálogos não comprovados com terceiros, não com o presidente. “A verdade é que a vida de Lula e de seus familiares foi — ilegalmente — devassada pela Operação Lava Jato. Todos os sigilos — bancário, fiscal e contábil — foram levantados e nenhum valor ilícito foi encontrado, evidenciando que Lula é inocente”, afirmava a defesa. Os advogados de Lula também acusavam o Ministério Público de aceitar qualquer delação que tocasse, mesmo que “frivolamente”, no nome de Lula.

Também naquela época, Dilma afirmou que as falas de Joesley eram “improcedentes e inverídicas”. Em nota, afirmou que nunca teve contas no exterior e não autorizou terceiros à abertura de empresas em paraísos fiscais relacionadas a ela. “Dilma Rousseff jamais tratou ou solicitou de qualquer empresário, nem de terceiros, doações, pagamentos ou financiamentos ilegais para as campanhas eleitorais, tanto em 2010 quanto em 2014, fosse para si ou quaisquer outros candidatos”, afirmou a ex-presidente em 2017.

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O vídeo já havia voltado a circular na internet descontextualizado em 2022, ano das eleições presidenciais, e foi checado por Aos Fatos, Lupa e Reuters.

Como lidar com postagens do tipo: a postagem usa um vídeo antigo para enganar sobre pessoas em evidência. É importante ter cuidado sobre vídeos que trazem acusações contra figuras políticas e ligadas ao poder. Nestes casos, tente pesquisar quando a notícia foi veiculada e entender os desdobramentos que seguiram. O Estadão Verifica já checou outros conteúdos sobre Lula e Dilma. Leia mais abaixo.

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