É falso que Luiz Inácio Lula da Silva tenha se recusado a colocar flores no Museu do Holocausto durante visita a Israel quando era presidente. Em sua única viagem ao país judeu, em 2010, Lula fez a tradicional visita ao monumento e depositou flores com as cores do Brasil. Na mesma ocasião, ele cancelou uma visita que faria ao túmulo de Theodor Herzl, fundador do movimento sionista.
A alegação de que Lula não teria homenageado as vítimas da perseguição nazista é feita por um homem em um vídeo que viralizou no Facebook e que diz que o ex-presidente seria "persona non grata" no país do Oriente Médio. Este conteúdo foi publicado em janeiro de 2020, mas voltou a viralizar e já soma ao menos 42 mil compartilhamentos.
Como mostrou o Estadão, Lula fez uma viagem de quatro dias a Israel, Cisjordânia e Jordânia, em março de 2010, para tentar inserir o Brasil nas negociações de paz entre Israel e a Autoridade Palestina. O governo brasileiro também foi discutir negócios e investimentos.
Em 16 de março, o então presidente visitou o Museu do Holocausto, em Jerusalém. Ele colocou no local uma coroa de flores com as cores do Brasil e disse que visitar o local seria uma "obrigação de todo ser humano que quer dirigir uma nação". Lula ainda plantou uma oliveira no Bosque de Jerusalém, onde estão 240 mil árvores.
O momento da colocação das flores foi registrado pelo fotógrafo Gil Cohen Magen, da agência internacional de notícias Reuters.
Um texto da Agência Brasil, de 2010, informa que Lula recebeu críticas de parte da sociedade israelense ao cancelar visita ao túmulo de Theodor Herzl, fundador do movimento sionista - corrente política que defende a existência de um estado judeu e que levou à criação de Israel. Ele levou flores ao túmulo do líder palestino Yasser Arafat, que morreu em 2004.
Historicamente, a diplomacia brasileira se posiciona de forma neutra com relação a judeus e palestinos e defende a solução de conflitos entre os dois povos por meio da criação de dois estados. Essa postura se fragilizou no governo de Jair Bolsonaro, diante da aproximação do presidente com Israel.
Este conteúdo também foi checado por Boatos.org.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.