Passagem de Lula e Macron em Belém não teve montagem de estrutura para receber público

Encontro entre dois presidentes foi fechado; eles seguiram em comboio da Base Aérea da capital paraense até a Estação das Docas, de onde partiram de barco até a Ilha do Combu

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Foto do author Clarissa Pacheco

O que estão compartilhando: vídeo que mostra rua vazia, onde foi montada estrutura em Belém (PA) para o povo receber os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Emmanuel Macron.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso pois não houve montagem de estrutura para receber público. O vídeo foi feito dentro de um carro que trafegava na área por onde passou o comboio com os dois presidentes, entre a Avenida Marechal Hermes e o Boulevard Castilhos França, no dia 26 de março. O local mostrado não era uma estrutura montada para o povo receber Lula e Macron, e sim o esquema para isolar o trânsito no local por onde eles passariam até chegar até as Docas, de onde embarcaram para a Ilha do Combu. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e a Polícia Militar do Pará informaram que não houve evento aberto ao público na cidade.

Vídeo feito na Avenida Marechal Hermes e no Boulevard Castilhos França mostra local isolado para passagem de comboio, não estrutura para que o povo recebesse Lula e Macron; evento não foi aberto ao público. Foto: Reprodução/Instagram Foto: Reprodução/Instagram

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Saiba mais: O vídeo investigado tem mais de 6,3 mil curtidas no Instagram e foi gravado por uma mulher, que ri em tom de deboche enquanto passa primeiro pela Avenida Marechal Hermes e, depois, pelo Boulevard Castilhos França, na região das Docas de Belém. Não foi possível identificar a mulher que grava o vídeo. Logo no início do vídeo, é possível ver, à direita, o monumento a Pedro Teixeira, na praça de mesmo nome. Também fica visível a estação das Docas alguns segundos adiante.

Foi para lá que o comboio dos dois presidentes seguiu depois de deixar a Base Aérea de Belém, na tarde do dia 26. A imprensa cobriu a visita de Lula e Macron (aqui, aqui e aqui) e nenhuma reportagem mostra a presença de espaço para que o público os recepcionasse. O encontro, na realidade, foi restrito a poucas pessoas. O Estadão mostrou que a cerimônia na Ilha do Combu teve a participação de 19 representantes dos indígenas, incluindo a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

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Lula e Macron chegaram à Base Aérea de Belém por volta das 16h do dia 26 – cada um em uma aeronave –, seguiram de carro até as Docas, de lá foram de barco até a Ilha do Combu, onde cumpriram agenda. À noite, por volta das 23h, eles embarcaram com destino ao Rio de Janeiro.

Esquema de segurança

O esquema de segurança para a visita de Lula e Macron a Belém foi montado pela Marinha do Brasil e contou com apoio de órgãos federais, da Guarda Municipal, além da Polícia Militar do Pará, como é possível ver pela presença de viaturas no local. De acordo com a Guarda, equipes ficaram em pontos estratégicos fazendo um patrulhamento efetivo para evitar imprevistos.

“O planejamento montado pela Marinha do Brasil, responsável por todo o esquema de segurança, visa garantir a tranquilidade nas ruas, dos presidentes e demais autoridades, para não ocorrer nenhum contratempo”, disse, na ocasião, o inspetor-chefe da Divisão de Operações da Guarda Municipal de Belém, Élcio Vale.

A PM do Pará disse em nota ao Verifica que a organização do evento foi de responsabilidade do governo federal, e confirmou que o encontro entre os presidentes não foi aberto ao público. A Secom confirmou que a agenda não foi aberta. “Não foi montada qualquer estrutura para receber a população no local por onde os carros passaram”, diz nota. Os veículos passaram pelo local apenas para que as autoridades chegassem às Docas e embarcassem para a Ilha do Combu.

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Não foi possível determinar o horário exato em que as imagens foram feitas, mas é possível que tenham sido registradas no início da manhã, bem antes da passagem do comboio dos dois presidentes. A luminosidade do céu, a presença de poucas pessoas em pontos de ônibus e o fato de estabelecimentos comerciais estarem fechados são alguns elementos que denotam isso. Além disso, dificilmente o tráfego estaria aberto no local num momento muito próximo à passagens dos dois presidentes. De acordo com a ferramenta SunCalc, o sol nasceu em Belém neste dia às 06:17 e se pôs às 18h23.

Agenda em Belém

A agenda do presidente Lula informa que o avião presidencial saiu de Brasília às 13h e que o desembarque em Belém ocorreu às 15h10. Macron chegou um pouco mais tarde, por volta das 16h, e de lá eles seguiram até as Docas. O caminho passa justamente pelo local onde o vídeo foi feito – a Avenida Marechal Hermes e o Boulevard Castilhos França.

Das Docas, eles embarcaram para a Ilha do Combu em uma lancha, junto com suas respectivas comitivas. Foi na embarcação, na Baía de Guajará, que ocorreu a primeira reunião bilateral entre Lula e Macron, marcada para às 16h.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião bilateral com o presidente da França, Emmanuel Macron, na Baía do Guajará, em Belém (PA). Foto: Ricardo Stuckert / PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Foto: Ricardo Stuckert / PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Em seguida, já na ilha, eles visitaram a fábrica de chocolates Filha do Combu e, depois, participaram de um encontro com lideranças indígenas, onde o Cacique Raoni foi condecorado com o título de cavaleiro da Legião de Honra, a mais alta honraria concedida pela França.

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Segundo a agenda do presidente Lula, a partida dele de Belém para o Rio de Janeiro estava marcada para às 20h35 do mesmo dia. Enquanto o JL2, telejornal da afiliada da Globo no Pará, era transmitido ao vivo, a repórter Poliane Guimarães informou que a agenda de ambos já havia sido encerrada, às 19h36, e o embarque de Macron para o Rio de Janeiro estava previsto para às 23h50 daquele mesmo dia.

No Pará, Macron prometeu apoio a indígenas e R$ 5 milhões em investimentos públicos e privados em projetos de economia sustentável na Amazônia brasileira e na Guiana Francesa. A visita de Macron ao Brasil durou três dias, e ele passou ainda pelo Rio de Janeiro e por São Paulo.

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