O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) permissão para viajar em lua de mel a Dubai, nos Emirados Árabes. O boato surgiu nas redes sociais em novembro de 2019, mas voltou a viralizar no Facebook. Uma publicação feita na última quinta-feira, 18, já teve mais de 16 mil compartilhamentos.
As publicações no Facebook afirmam que os advogados de Lula teriam entrado com o pedido e que a ação teria sido sorteada ao ministro Ricardo Lewandowski. A postagem diz ainda que o ministro já teria sinalizado ser favorável à autorização da viagem.
Em 19 de novembro de 2019, a Agência Lupa já verificou que o boato estava circulando no Facebook. A checagem foi feita pouco mais de uma semana depois de Lula deixar a prisão. Ele ficou preso 580 dias na cela especial da Polícia Federal em Curitiba para cumprir pena de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá. Lula foi beneficiado em 8 de novembro por uma decisão do STF contrária à prisão em 2ª instância. Na ocasião, anunciou que se casaria com a namorada, a socióloga Rosângela da Silva.
Uma consulta processual no site do STF a partir de novembro de 2019 não encontrou nenhuma ação com o pedido feito em nome do ex-presidente. Uma consulta temática pelo termo 'Dubai' também não encontrou decisões que relacionassem o petista.
Além disso, Ricardo Lewandowski não é relator de nenhum dos 25 processos atualmente em trâmite no STF. Atualmente, o ministro Edson Fachin é relator de 17; Cármen Lúcia, Marco Aurélio Melo e Gilmar Mendes são responsáveis por 2 casos cada.
Nesta sexta-feira, 19, Rosângela da Silva tuitou uma foto com o cantor Chico Buarque e anunciou que ele deverá ser o padrinho do casamento. "Hoje é dia desse gênio. Muito em breve nosso padrinho", escreveu. Ela não falou quando se dará a união com o ex-presidente.
Antes disso, Lula foi casado durante dois anos com Maria de Lurdes da Silva e com Marisa Letícia por 43 anos. A ex-primeira-dama morreu de AVC hemorrágico em 2017.
Esse boato também foi checado pelo Boatos.org, Aos Fatos e UOL.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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