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Vídeo de conversa entre Nicolás Maduro e militares circula com áudio falso

Postagens enganam ao mostrar ordem do presidente venezuelano para matar manifestantes; na gravação original, ele chama opositores de ‘criminosos’ e fala que eles responderão na justiça

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Atualização:

O que estão compartilhando: vídeo em que Nicolás Maduro supostamente dá ordens para agentes da Guarda Bolivariana matar manifestantes.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O vídeo teve o áudio adulterado. Na publicação original feita na conta pessoal de Nicolás Maduro no X, o presidente venezuelano não pede publicamente que a Guarda Bolivariana mate mais pessoas no país. Ele chama opositores detidos de “criminosos capturados”, critica os protestos que contestam a decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de considerá-lo reeleito e afirma já ter prendido mais de 1.200 manifestantes. As imagens e o seu conteúdo também foram republicados por portais de notícias.

Vídeo de Maduro teve áudio adulterado. Foto: Reprodução/Facebook

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A Venezuela enfrenta uma onda de manifestações. A ida da população às ruas é marcada por repressão policial e tumultos violentos. A oposição alega que o pleito foi fraudado, bem como fontes independentes.

Saiba mais: Vídeo compartilhado no Facebook mostra o presidente da Venezuela Nicolás Maduro conversando com militares da Guarda Bolivariana. No vídeo viral checado, é possível ouvir Maduro dizendo que “ninguém tem o direito de protestar na Venezuela”. Ele diz aos militares que “aquele que matar mais garotos desses, dou mais dinheiro e uma casa” e que quer “que matem bastante gente. Eu prometi um banho de sangue e isso é o que vou dar a todos os que se levantam contra mim.” O áudio foi traduzido do espanhol para o português com auxílio da ferramenta de inteligência artificial do Estadão, Leia.

Por meio de busca reversa (veja aqui como fazer) foi possível encontrar o vídeo original publicado no YouTube pela conta do Prenoticia, um portal de notícias argentino. A gravação foi publicada em 31 de julho deste ano e ao contrário do que mostra o vídeo aqui checado, Maduro não pediu aos guardas para que matassem pessoas.

No contexto original, ele falava sobre prisões que estavam sendo feitas durante os protestos na Venezuela. Afirma que as forças de segurança do país já prenderam mais de 1.200 pessoas. Além de ser reproduzido por portais de notícias, o vídeo também foi publicado na conta oficial de Nicolás Maduro na mesma data.

“Estes são uns criminosos. Temos mais de 1.200 criminosos capturados. Treinados no Texas, Colômbia, Peru e Chile. Isso é protesto ou luta política, queimar hospitais. Isso é terrorismo, meu jovem. Isso é terrorismo. Isso é ódio, fascismo, essa gente está preparada para governar este país? Não”, diz Maduro em um trecho do vídeo. Jornais também noticiaram a afirmação de Maduro sobre manifestantes serem treinados em outros países (aqui e aqui).

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Cenário político causa onda de desinformação na Venezuela

Os protestos eclodiram na Venezuela após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), comandado pelo governo, declarar Maduro vencedor com 52% dos votos. Edmundo González Urrutia, candidato oposicionista, teria recebido 43%. A oposição alega que o pleito foi fraudado, bem como fontes independentes.

No dia 2 deste mês, Maduro voltou a afirmar já ter prendido mais de 1.200 pessoas em manifestações no país e prometeu capturar outras mil. “Todos os criminosos fascistas vão para Tocorón e Tocuyito, para prisões de segurança máxima, para que paguem pelos seus crimes perante o povo”, escreveu em uma publicação na rede social X.

Desde o dia da votação, postagens enganosas circulam nas redes sociais engajadas pela situação política no país. O Estadão Verifica já mostrou que uma postagem engana ao dizer que foto mostra policial venezuelano apontando arma para mulher e criança e que um vídeo de festival de San Fermin, na Espanha, é usado como se mostrasse protesto na Venezuela.

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