PUBLICIDADE

É falso que ministra do governo Lula tenha dito que açúcar vem da produção de abelha

Corrente de WhatsApp mostra trecho de fala de uma moradora de São Paulo que fez um apelo por alimentos mais baratos na cesta básica

PUBLICIDADE

Foto do author Samuel Lima
Atualização:

O que estão compartilhando: mensagem encaminhada no WhatsApp dizendo que uma “ministra do atual governo do PT” declarou em evento que o açúcar vem do mel, da produção de abelhas. Parte dos conteúdos cita nominalmente a ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Quem fala no vídeo é uma moradora do bairro de Pirituba, em São Paulo, durante encontro de mulheres com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 30 de abril do ano passado. Ela se apresenta no evento como uma das lideranças da Ocupação Vila Atlântica e faz um apelo pela redução no preço dos alimentos, mencionando três produtos da cesta básica: óleo de cozinha, café e açúcar.

Boato faz piada com apelo de moradora de Pirituba e a confunde com ministra do governo Lula Foto: Reprodução

PUBLICIDADE

Saiba mais: o Estadão Verifica recebeu diversos pedidos de leitores para checar o conteúdo pelo número de WhatsApp (11) 97683-7490. A mensagem que circula no aplicativo de mensagens começa com a frase “Não pode rir. Ela é ministra do atual governo do PT” e aparece junto a um vídeo mostrando o discurso de uma pessoa não identificada nas imagens.

O painel que aparece ao fundo oferece pistas de que se trata de um evento oficial de mulheres com Lula sobre o direito à alimentação. No trecho de 40 segundos, a pessoa diz ao microfone: “O óleo vem da nossa terra, do nosso Brasil, da nossa plantação. Custa R$ 10 o litro de óleo. O café está R$ 25,90, e o açúcar, R$ 6. De onde vem o nosso açúcar? Do mel, da produção de abelha do nosso Brasil”.

O equívoco sobre a origem do açúcar, produzido no Brasil principalmente a partir da cana, é usado para desqualificar a fala e insinuar que ministros do governo Lula não teriam conhecimento sobre o assunto. Parte das mensagens que circulam nas redes citam nominalmente a ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara, como se fosse dela a autoria da frase.

A informação é facilmente rebatida a partir de uma busca simples no Google com os termos evento, Lula, mulheres e alimentação. Entre os primeiros resultados surge um encontro transmitido pelo Partido dos Trabalhadores, no dia 30 de abril de 2022, com o título “Lula discute custo de vida com mulheres na Brasilândia, em São Paulo”.

O material completo revela que a pessoa se identifica como Dayane, de 41 anos, e que ela representa a Ocupação Vila Atlântica, situada em Pirituba e próxima ao Pico do Jaraguá. Mãe de seis filhos e avó de oito netos, a mulher pede ao então pré-candidato à Presidência que reduza o preço dos alimentos da cesta básica e ajude a comunidade a obter água tratada, luz e esgoto do poder público, além de abastecer os medicamentos no posto de saúde e oferecer merenda escolar de melhor qualidade.

Publicidade

Dayane conversou com o Estadão e lamentou que pessoas estejam usando o material para fazer piada e jogo político nas redes sociais. “Pegaram uma parte que eu falei errado e ignoraram todo o resto”, disse. O Ministério dos Povos Originários também foi procurado por e-mail, mas não retornou o contato.

O mesmo boato foi analisado pela Lupa e classificado como falso.

Como lidar com postagens do tipo: a mensagem analisada nesta checagem traz informações genéricas, o que deve servir de sinal de alerta antes de encaminhar aos seus contatos. Alguns não mencionam, por exemplo, quem seria exatamente a suposta ministra do governo Lula — o que tornaria muito mais fácil para quem recebe o conteúdo procurar fotos e comparar com o rosto da pessoa que aparece nas imagens.

O vídeo é editado por uma página desconhecida do Tiktok que trata de mercado financeiro, outro aspecto que aumenta a desconfiança. Por fim, não menciona onde, quando e por quem foi gravado. Nesses casos, o melhor a se fazer é pesquisar sobre a história no Google. Alguma agência de checagem já pode ter esclarecido o assunto. Se não encontrar nenhum registro, evite passar adiante.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.