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Vídeo mostra atropelamento nos EUA, e não assassinato de opositores de Maduro na Venezuela

Gravação foi feita no Texas após motorista atingir imigrantes em ponto de ônibus; de fato há registro de manifestantes mortos após eleições venezuelanas, segundo órgãos independentes

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Foto do author Giovana Frioli
Atualização:

que estão compartilhando: vídeo com imagens explícitas de mortos e feridos diz na legenda que “na Venezuela, Maduro mandando matar”.

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O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso porque o vídeo é um registro de atropelamento em frente a um abrigo para imigrantes no Texas, Estados Unidos. Na gravação, é possível identificar placas de comércio e de um candidato ao cargo de xerife que mostram que o ocorrido se deu na cidade de Brownswille, no condado de Cameron. O caso aconteceu em maio, quando um motorista de uma SUV furou o sinal vermelho e atropelou um grupo que estava em um ponto de ônibus. Oito pessoas morreram e dez ficaram feridas no acidente.

Vale lembrar, no entanto, que há sim registro de mortes em protestos da Venezuela desde que Nicolas Maduro foi declarado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão controlado pelo regime. Como publicou o Estadão, manifestantes foram reprimidos pelas forças de segurança chavistas. A oposição diz ter provas de que houve fraude eleitoral e países como Estados Unidos e Uruguai reconheceram a vitória do candidato Edmundo González Urrutia.

Vídeo mostra atropelamento nos EUA, e não mortos na Venezuela Foto: Foto

Saiba mais: O vídeo de um atropelamento nos Estados Unidos foi usado para afirmar que Nicolas Maduro “mandou matar” manifestantes na Venezuela. O registro não tem ligação com o país-latino americano e foi filmado após oito pessoas morreram e dez ficarem feridas ao serem atingidas por um motorista que avançou o semáforo, em maio deste ano, nos Estados Unidos.

Placas mostram que vídeo é do Texas

As cenas compartilhadas na internet mostram imagens explícitas dos mortos e daqueles que ficaram feridos gravemente. É possível ouvir pessoas falando espanhol e pedindo calma às vítimas. Ao fundo da cena, há uma placa escrito “El Calentano Auto Sales” e uma propaganda política em que se lê “Jesus Rosas Jr for Cameron County Sheriff”. Com o Google Maps, encontramos a loja de revenda de carros, que fica em Brownsville. A campanha para o cargo de xerife nas eleições de 2024 é do condado de Cameron, onde está a cidade no Texas, próxima a fronteira norte-americana.

Placas mostram que caso ocorreu na cidade de Brownsville, nos Estados Unidos Foto: Reprodução/Redes Sociais

Uma busca no Google por palavras-chaves relacionados ao acidente também mostra que o caso foi noticiado pela imprensa brasileira e internacional. O Estadão reportou que um motorista um SUV atingiu uma multidão no dia 7 de maio, em frente a um abrigo de imigrantes no município norte-americano. O homem furou o sinal vermelho e atropelou pessoas que estavam em um ponto de ônibus, sendo a maioria deles venezuelanos. Oito vítimas morreram e mais dez ficaram feridas por conta do acidente.

O jornal Washington Post noticiou, em 9 de maio, que o motorista foi preso e estava sob efeito de drogas. Apesar de o homem ter alegado que perdeu o controle do veículo, a polícia não descartou que o crime tenha sido intencional. A cidade de Brownsville é um ponto de passagem de imigrantes para os EUA.

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Manifestações na Venezuela tiveram registros de mortos e feridos

Desde que o CNE da Venezuela declarou a vitória de Maduro nas eleições presidenciais do domingo, 28, manifestações contra o governo chavista ocorrem no país. A oposição, liderada por María Corina Machado, acusa fraude no resultado eleitoral. Organizações independentes venezuelanas afirmam que os protestos são repreendidos pelas forças de segurança com prisões, mortes e feridos.

De acordo com a ONG Foro Penal, ao menos onze pessoas já morreram em diferentes partes de Caracas e Barinas desde o início dos protestos pela contagem transparente das atas de votação. O número, porém, pode ser maior. O UOL noticiou nesta sexta-feira, 2, que 19 foram mortos nas eleições e protestos, segundo o Programa de Educação em Direitos Humanos Acção (Provea). O Ministério Público da Venezuela afirma que 1.062 pessoas foram presas por se manifestarem contra o resultado do pleito.

A eleição de Maduro não é reconhecida por diversos países, pelo Centro Carter, observador internacional do processo eleitoral, e pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que denunciou uma “manipulação aberrante”. O líder venezuelano disse a Celso Amorim, assessor especial da Presidência do Brasil para Assuntos Internacionais, no dia 29, que divulgaria as atas eleitorais “em breve”. Porém, após cinco dias do pleito, isso ainda não aconteceu.

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