O que estão compartilhando: vídeo que mostraria integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) manipulando carne de caça de tatu para consumo em um acampamento. As imagens mostram dezenas de animais capturados presos em gaiolas e redes.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: não há evidência de que o vídeo tenha relação com o MST. O acampamento mostrado nas imagens não tem símbolos ou inscrições relacionados ao movimento, e o homem que faz a filmagem não menciona os sem-terra. A publicação mais antiga encontrada do vídeo, de agosto do ano passado, não cita o MST. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou à reportagem que não recebeu denúncia sobre o caso mostrado no vídeo. O MST negou ter relação com as imagens e afirmou que o movimento defende os bens comuns da natureza e a conservação da biodiversidade.
Saiba mais: O vídeo verificado aqui mostra o resultado de uma caça de tatus. Na gravação, um homem filma os animais presos em uma gaiola e em redes e diz que 61 foram capturados. Em seguida, ele mostra duas pessoas manipulando a carne de alguns tatus, que aparenta estar sendo preparada para consumo. Não foi possível determinar a origem da gravação, que não possui informações sobre localização, data da filmagem e autoria. Na filmagem, não há qualquer menção ao MST. Também não são mostrados símbolos ou inscrições relativas ao movimento.
Em buscas pela origem do vídeo, o Verifica identificou que a gravação circula na internet desde o ano passado. Sem menção ao MST, a postagem mais antiga foi localizada no YouTube, com data de publicação em agosto de 2023. Nas redes sociais, postagens que acusam o MST de ter capturado os animais não apresentam provas que sustentem a afirmação.
Conforme informou o Ibama, caçar tatu é proibido no Brasil. A caça de animais silvestres é proibida e está prevista no artigo 29 da lei 9.605/98, que trata sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Segundo o instituto, a penalidade prevista é de detenção de seis meses a um ano e multa de R$ 500 ou R$ 5.000 se a espécie estiver ameaçada.
Como lidar com postagens do tipo: Vídeos que mostram crimes praticados em locais de mata ou de difícil identificação são frequentemente utilizados por desinformadores para fazer acusações infundadas. Desconfie de gravações que não apresentam elementos que comprovem a denúncia apontada. A exemplo do vídeo aqui verificado, o MST não é mencionado pelo autor da filmagem, apenas em legendas escritas acima das imagens. Vale ressaltar que o MST é alvo recorrente de desinformação. Recentemente, o Verifica desmentiu que o movimento teria incinerado porcos vivos.
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