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Não foi MST que destruiu lavoura de café em Migrantinópolis (RO)

Caso aconteceu no dia 10; cafeicultor nega envolvimento dos sem-terra, que também refutam a alegação que circula nas redes sociais

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Por Bernardo Costa

O que estão compartilhando: vídeo em que cafeicultor de Rondônia relata ter tido sua lavoura vandalizada no distrito de Migrantinópolis. Emocionado, ele afirma que mais de 2,8 mil plantas de café e as mangueiras de irrigação foram cortadas. A gravação viralizou no Instagram e vem sendo compartilhada no WhatsApp com o acréscimo da informação de que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi o responsável pelo dano: “Olha o que esse pessoal do MST faz”, diz a legenda inserida na tela do vídeo.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é falso. O próprio cafeicultor, Ronieli Hel, nega que o MST esteja envolvido na destruição de sua lavoura. O MST também refuta a alegação. As matérias jornalísticas que noticiaram o episódio não fazem qualquer menção ao MST. Ao G1, o delegado que investiga o caso disse que o ato de vandalismo foi uma ação direta contra Ronieli com o intuito de “humilhá-lo”. Além disso, segundo o MST, o escopo da ação foge à estratégia do movimento sem-terra, que atua ocupando terras que não cumprem função social como forma de pressão para que o Estado possa realizar a reforma agrária.

Reprodução da postagem falsa Foto: Reprodução/Instagram

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Saiba mais: No dia 10, o cafeicultor Ronieli Hel gravou um vídeo emocionado e o postou em seu perfil no Instagram relatando ter tido a sua plantação de café vandalizada, no distrito de Migrantinópolis, na cidade de Novo Horizonte do Oeste, em Rondônia: foram mais de 2,8 mil plantas cortadas, assim como mangueiras de irrigação. Produtos para combater pragas ainda foram despejados em uma caixa d’água da lavoura.

Nos vídeos que divulgou sobre o ocorrido, Ronieli não faz qualquer afirmação de quem teriam sido os responsáveis pela destruição de sua plantação, tampouco cita o MST. Em contato com o Estadão Verifica, o cafeicultor nega a possibilidade de que integrantes do movimento estejam envolvidos no ato de vandalismo: “Não, o MST não”, disse Ronieli, em troca de mensagens pelo Instagram. Já em um segundo contato, por ligação telefônica, Ronilei foi enfático: “Eu tenho a plena convicção de que não foi o pessoal do MST que fez isso. Aqui, para você ter uma ideia, é muito longe que tenha algum resquício (sic) de que pessoal invadiu terra, ou alguma coisa, mas aqui por perto não. E minha área é pequena, não tem lógica isso”.

Procurado pelo Estadão Verifica, o MST também negou envolvimento: “O Movimento Sem Terra no estado de Rondônia tem atuado na produção de alimentos saudáveis, comercialização dos mesmos e na organização de famílias Sem Terra na luta pela Reforma Agrária Popular. Neste sentido, segue apontando como pilar a luta contra a violência no campo e não pactua com ações de vandalismo contra os pequenos agricultores”.

Além dos vídeos divulgados por Ronieli, as reportagens que repercutiram o caso não fazem qualquer menção ao MST (G1, Planeta Folha, Tribuna Popular). Ronieli, proprietário da marca Hel Cafés, que recebeu prêmios no Brasil e no exterior. Ele diz acreditar que a inveja devido ao sucesso de sua produção pode ter motivado o ataque à lavoura. “Não vejo outra possibilidade a não ser alguém que tenha inveja do nosso trabalho aqui”, disse ele.

Procurada, a Polícia Civil de Rondônia não respondeu o questionamento do Estadão Verifica. No entanto, o delegado responsável pelas investigações disse ao G1 que ficou constatado que o objetivo era vandalizar a plantação, numa ação direta contra Ronieli, com “a intenção de humilhá-lo”. O procedimento difere da atuação do MST, “que atua na denúncia de terras que não cumprem a função social”, conforme explicou a assessoria de imprensa do movimento, acrescentando que “a ocupação dessas áreas é uma ferramenta de pressão social para que o Estado possa atuar na realização da Reforma Agrária”.

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