Dois vídeos de 2018 viralizaram recentemente no Facebook sem indicação de data. A primeira filmagem mostra o palanque da comitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingido por ovos na cidade de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina. A segunda gravação mostra pessoas lançando ovos contra um ônibus verde da empresa Catarinense. Pelos comentários na publicação dos vídeos, que soma mais de 12 mil compartilhamentos, é possível perceber que usuários acreditam estar vendo um evento recente (1, 2, 3).
Manifestantes jogaram ovos e pedras contra veículos da equipe de Lula em 25 de março de 2018, durante caravana que o ex-presidente fazia pelo Sul do País. A reportagem do Estadão da época mostrou que dois dos três ônibus que integravam a comitiva tiveram os vidros quebrados, inclusive o ônibus em que Lula viajava. Além disso, limpadores de para-brisas foram arrancados. Um dos ovos atingiu o carro da reportagem do Estadão.
Mais tarde no mesmo dia, manifestantes investiram com ovos contra o palanque do petista. Segundo a reportagem do Estadão, o ataque veio de um prédio próximo ao palco e começou durante a fala da presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann. Lula não chegou a ser atingido pelos ovos, apenas simpatizantes que estavam perto do ex-presidente.
Um trecho da fala de Gleisi, em que ela condena os ataques, aparece na postagem que viralizou no Facebook recentemente. O discurso completo foi transmitido pela página oficial de Lula na rede social em 2018.
O ônibus verde que é mostrado no vídeo sendo atacado com ovos, no entanto, não integrava a comitiva do PT. Segundo comunicado do partido divulgado em 2018, era um ônibus de linha da Viação Catarinense que se dirigia a Foz do Iguaçu e foi atingido no dia 26 de março. A empresa de ônibus registrou um boletim de ocorrência, de acordo com o PT.
Aos Fatos e AFP também publicaram checagens sobre esse assunto.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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