O que estão compartilhando: vídeo mostra suposta declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro dizendo que “a Polícia Federal emitiu uma nota dizendo que eu havia recebido R$ 6,8 milhões em dinheiro vivo pela revenda das joias nos Estados Unidos”, mas que “ a mesma PF veio a público desmentir a informação. Esclareceram que a história das joias era falsa, totalmente inventada”.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A Polícia Federal não desmentiu o caso das joias sauditas que resultou no indiciamento de Jair Bolsonaro e outras 11 pessoas no dia 4 de julho. Na realidade, a PF retificou o valor supostamente desviado pelo esquema de Bolsonaro por um erro material. Inicialmente, a corporação havia informado que o valor dos desvios chegavam a R$ 25,3 milhões. Com a correção, o total ficou em R$ 6,8 milhões. Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no inquérito que investiga a venda de joias recebidas de presente pelo governo brasileiro quando viajou para a Arábia Saudita.
O ex-presidente realmente disse que irá aguardar “muitas outras correções” por parte da PF após a corporação ter retificado o valor supostamente desviado no esquema das joias. Mas não há evidências de que ele tenha efetivamente gravado o vídeo que circula nas redes sociais. O Verifica identificou que há indícios de uso de inteligência artificial na criação do vídeo checado.
Saiba mais: publicado no TikTok no dia 13 de julho, o vídeo verificado falsifica a voz do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao contrário do que afirma a gravação, o relatório da PF sobre o caso das joias traz uma série de elementos que indicam a participação de Bolsonaro no desvio e na venda de presentes de luxo recebidos durante seu mandato na Presidência da República.
Na gravação, a imagem de Bolsonaro apresenta distorções que indicam o uso de inteligência artificial na criação do conteúdo. A mão esquerda do ex-presidente aparece distorcida e desaparece da tela como se estivesse derretendo. O microfone, que está na frente dele, também sofre distorções ao longo do vídeo. Em alguns momentos, o objeto parece entrar na roupa de Bolsonaro. Ferramentas de inteligência artificial atualmente têm dificuldades em produzir mãos e dedos.
Entenda o caso das joias
A Polícia Federal concluiu que foi montada uma associação criminosa no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro para desviar joias e presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-chefe do Executivo. Segundo a PF, o valor parcial dos presentes entregues por autoridades estrangeiras ao então presidente somam R$ 6,8 milhões. As informações constam no relatório final do inquérito das joias sauditas.
A investigação do caso foi iniciada após uma série de reportagens do Estadão, publicadas em março de 2023, revelarem que aliados do ex-presidente tentaram trazer ilegalmente para o País kits de joias dadas de presente pela ditadura da Arábia Saudita. O inquérito, posteriormente, descobriu que um grupo de pessoas próximas de Bolsonaro vendeu peças no exterior para fim de enriquecimento ilícito.
Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro (saiba mais sobre os crimes aqui). Outras 11 pessoas também foram indiciadas, como o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, considerado o braço-direito do ex-presidente durante o mandato dele na Presidência. Também foram indiciados dois ex-ministros: Fabio Wajngarten, que comandava a Secretaria de Comunicação Social (Secom), e Bento Albuquerque, ex-chefe do Ministério de Minas e Energia.
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