É falso que porcentagens de candidatos em São Paulo não tenham mudado ao longo da apuração

Não houve mudanças drásticas nos porcentuais de Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal porque a disputa foi acirrada; ainda assim, oscilações foram registradas ao longo da noite; não há qualquer sinal de fraude

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Foto do author Luciana Marschall
Atualização:

O que estão compartilhando: vídeo em que homem filma a página de Resultados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a apuração da disputa pela Prefeitura de São Paulo. Ele diz que o porcentual de urnas apuradas aumentou de 41,85% para 47,71% e depois de 47% para 58%, mas os porcentuais de votos para os candidatos permaneceram iguais. Isso seria um sinal de fraude nas eleições. Ele acrescenta que o candidato Pablo Marçal (PRTB) deveria ter 60% dos votos.

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O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A filmagem não comprova fraude -- os porcentuais dos candidatos mudaram, sim, durante a apuração, como fica evidente no gráfico da evolução da contagem de votos publicado pelo Estadão (veja mais abaixo).

Como a disputa foi bastante acirrada, os números não tiveram alterações grandes ao longo da apuração. Mas isso não é sinal de fraude. Conforme a Justiça Eleitoral, ainda que os resultados pudessem ficar estáveis em uma atualização, isso ocorre porque em São Paulo mudanças drásticas demandam uma grande quantidade de votos, já que o eleitorado é o maior do País. “Os percentuais variaram pouco devido ao acirramento da disputa, que só foi definida com a apuração de cerca de 99% dos votos”, disse o órgão.

Por fim, não é verdade que Marçal tinha 60% das intenções dos votos em São Paulo. A maior parte das pesquisas divulgadas às vésperas da votação apontava empate técnico entre ele, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). Apenas o Instituto Veritá trazia o ex-coach à frente, mas ainda assim com 35,7% das intenções de votos válidos.

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A porcentagem de seções totalizadas não é atualizada durante as gravações. Foto: Reprodução/WhatsApp

Saiba mais: O conteúdo analisado aqui circula em dois vídeos diferentes, aparentemente gravados pela mesma pessoa, que não foi identificada. O autor da filmagem mostra a página Resultados TSE em horários diferentes e com porcentagens distintas de seções totalizadas em São Paulo (SP) para o cargo de prefeito. As gravações mostram as porcentagens de votos recebidas por Nunes, Boulos, Marçal e Tabata Amaral (PSB) até então.

No primeiro vídeo, ele afirma que a porcentagem de urnas aumentou de 41,85% para 47,71%, mas que “vai subindo a proporção de votos apurados e não muda a porcentagem de ninguém”. Na segunda gravação, o autor afirma que o total de urnas subiu dez pontos percentuais, de 47% para 58%, mas que “os numerozinhos mágicos nunca mudam”, referindo-se aos resultados individuais dos candidatos.

O primeiro vídeo mostra a apuração às 18h59. Nesse horário, Nunes tinha 29,29% dos votos; Boulos, 29,23%; Marçal, 28,28%. O autor sustenta não ter ocorrido aumento das porcentagens dos candidatos, mas na atualização anterior da apuração, às 18h56, os números já estavam diferentes: Nunes tinha 29,30%; Boulos, 29,18%; Marçal, 28,30%. Veja os números no gráfico abaixo.

Disputa em SP

Porcentagem de votos válidos por candidato

2º Turno

• Guilherme Boulos (PSOL)

• Ricardo Nunes (MDB)

Apuração não iniciada | Fonte: TSE

O mesmo acontece no segundo vídeo. Nele, a porcentagem de seções totalizada é de 58,51% e Nunes tem 29,37% dos votos; Boulos tem 29,18%; Marçal tem 28,13%. Comparando as porcentagens dos candidatos em ambas as gravações é possível ver que, entre elas, houve alteração.

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Os dados da apuração foram atualizados em tempo real com base nos resultados informados pelo TSE. As linhas indicam o percentual dos quatro primeiros candidatos ao longo do tempo desde 17h, quando foi iniciada a apuração.

Não há suspeitas de fraude nas Eleições 2024

O conteúdo tenta desacreditar o processo eleitoral brasileiro e a segurança das urnas eletrônicas, mas o equipamento de votação é usado no Brasil desde 1996 e, desde então, não há registro de fraudes em eleições anteriores, assim como não há qualquer suspeita de fraude no pleito de 2024. De acordo com o TSE, a segurança da urna é feita em camadas, diferentes barreiras que não permitem que o sistema seja violado. A votação tem ainda diferentes mecanismos de auditoria, como a conferência do Registro Digital do Voto e dos boletins de urna.

Conforme a página de Resultados do TSE, 100% das seções de São Paulo foram totalizadas às 22h05 para o cargo de prefeito, levando Nunes, com 29,48% dos votos, e Boulos, com 29,07%, para o 2º turno. Pablo Marçal recebeu 28,14% dos votos e Tabata Amaral teve 9,91%.

Como explicado essa semana pelo Verifica, o TSE iniciou a contagem dos votos às 17h, horário de Brasília (DF), logo após o encerramento das eleições. A transmissão dos dados foi registrada no site de Resultados da Justiça Eleitoral e, nas cidades com mais de 200 mil eleitores, a atualização também foi apresentada por zona eleitoral. A apuração foi atualizada a cada parcial divulgada pelo Tribunal.

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A Justiça Eleitoral destaca que o resultado de cada seção é conhecido logo que o processo de votação é encerrado, com a emissão do Boletim de Urna (BU), impresso pela urna eletrônica em cinco vias. Uma delas fica afixada na porta da seção eleitoral para conferência de qualquer pessoa interessada e essas informações também são divulgadas publicamente pelo TSE.

Pesquisas nunca apontaram que Marçal tinha 60% das intenções de votos

O conteúdo aqui checado mente sobre Pablo Marçal ter 60% das intenções de votos. Como demonstrado pelo Verifica, as pesquisas divulgadas às vésperas do 1º turno traziam Marçal, Boulos e Nunes tecnicamente empatados. Na Datafolha, Marçal tinha 24% das intenções de voto; na Quest eram 27%; na AtlasIntel eram 30%; na Paraná Pesquisas eram 24,2%; na Real Time Big Data eram 27%; e na Futura/100% Cidades eram 29,3%. A pesquisa do Instituto Veritá, único levantamento em que o candidato não estava tecnicamente empatado com os concorrentes, Marçal tinha 35,7% das intenções de votos válidos.

Vale lembrar que, como mostrou o Estadão, embora as pesquisas sejam úteis para diagnosticar a conjuntura política, elas não devem ser vistas como uma tentativa de prever o resultado final das urnas, pois o contexto político é dinâmico e o voto dos eleitores é influenciado por fatores que as pesquisas muitas vezes não conseguem captar, especialmente aqueles que surgem nos momentos finais do pleito. A única pesquisa que tem o objetivo de alcançar o resultado das urnas é a de boca de urna, que não será feita este ano.

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