Uma postagem no Facebook exagera o número de inquéritos aos quais o senador Renan Calheiros (MDB-AL) responde no Supremo Tribunal Federal (STF) -- são nove, e não 17, as investigações abertas contra o parlamentar nesta instância. Desde que se tornou relator da CPI da Covid, o alagoano tem se tornado alvo de diversas publicações nas redes sociais.
Para encontrar o número de inquéritos que citam o senador, basta pesquisar no portal do STF pelo nome completo José Renan Vasconcelos Calheiros. É preciso considerar apenas os resultados que ainda estão tramitando e que comecem pela sigla INQ (inquérito). A busca só mostra processos públicos, excluindo os que são sigilosos ou estão sob segredo de justiça.
A pesquisa retorna nove resultados: os inquéritos 4851, 4833, 4832, 4492, 4464, 4426, 4326, 4215 e 3993. Outras investigações contra o senador foram arquivadas por falta de provas (caso dos inquéritos 4389 e 4367) ou enviadas a instâncias inferiores (inquérito 4437).
Renan é investigado por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na construção do Canal do Sertão, no Alagoas. Outro inquérito apura a suspeita de pagamentos indevidos em 2014 por parte do Grupo Odebrecht a senadores, em troca da aprovação de legislação favorável à empresa Braskem.
Há ainda uma investigação aberta a partir de delação do empresário Marcelo Odebrecht, que disse ter pagado a Calheiros e ao senador Romero Jucá pela aprovação da MP 627/2013, que beneficiaria a empreiteira. Veja os documentos desses inquéritos abaixo.
Um levantamento do site Congresso em Foco publicado em 2020 também encontrou nove inquéritos aos quais Renan Calheiros responde. De acordo com a reportagem, ele é o senador com maior número de investigações. Como explica a matéria, inquéritos são apurações preliminares que podem ser encerradas sem apresentação de uma denúncia formal.
Nesta semana, o Estadão Verifica desmentiu outra postagem que exagerava o número de processos contra os integrantes da CPI da Covid.
O Estadão Verifica procurou a assessoria de Renan Calheiros, mas ainda não obteve resposta.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.