Circula no Facebook um falso diálogo entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Papa Francisco, em que o pontífice afirma que o problema da Amazônia é do Vaticano. Em resposta, Bolsonaro teria dito que, caso metade dos bens guardados nas galerias da Igreja fossem doados, os problemas da floresta e da miséria no mundo seriam resolvidos. Não há nenhum registro, na imprensa ou nas redes sociais, de que essa conversa tenha acontecido. Em nota, a assessoria do governo federal confirmou que o post analisado é falso.
Um comentário similar ao mostrado no post foi compartilhado em fevereiro deste ano no no Twitter. Na ocasião, o pontífice divulgou um documento em que convida as pessoas a cuidarem da Amazônia, com as seguintes palavras: "Dirijo esta Exortação ao mundo inteiro, para ajudar a despertar a estima e solicitude pela Amazônia, que também é 'nossa'". A postagem de Francisco também usou a hashtag #QueridaAmazonia.
Em resposta ao comentário do Papa, Bolsonaro afirmou em uma de suas lives que "a Amazônia é nossa, não é como o papa tuitou ontem não! A Amazônia é nossa e nós temos que preservá-la e fazer com que possamos então ser beneficiados com recursos de forma sustentável". O presidente reforçou que a floresta pertence ao território brasileiro.
O governo federal negou que Bolsonaro tenha respondido que o Papa deveria "doar metade dos bens guardados nas galerias do Vaticano resolveria o problema da Amazônia". Procurado, o Vaticano não se pronunciou sobre o boato.
O desmatamento na Amazônia e a reação virtual
A proteção da Amazônia tem sido uma dos principais pontos de cobrança sobre o governo Bolsonaro. Também em fevereiro, a conta oficial do Papa Francisco no Twitter defendeu os direitos dos mais pobres e dos nativos da região Amazônica.
O ator americano ">Leonardo DiCaprio também compartilhou em suas redes críticas ao posicionamento do governo brasileiro sobre a preservação da floresta
">Em resposta, o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tuitou
Bolsonaro aborda desmatamento na Amazônia na ONU
No discurso da Assembleia-Geral da ONU, Bolsonaro culpou indígenas e caboclos por queimadas na Amazônia. O presidente afirmou ser alvo de uma campanha de desinformação sobre a floresta. De acordo com ele, isso vem ocorrendo para que possam distorcer a imagem do governo atual.
O Estadão Verifica checou a fala de Bolsonaro e mostrou que as queimadas na Amazônia ocorreram principalmente em terras rurais. Focos de calor em terras indígenas corresponderam a 11% do total.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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