Não é verdade que a Áustria tenha um governo "100% de direita" e que tenha proibido o comunismo e instituído prisão perpétua para traficantes. Uma publicação com o boato, que circula desde 2017, voltou a ser publicada nesta semana com mais de mil compartilhamentos.
A postagem é repleta de erros e falsidades. Ao contrário da postagem, Sebastian Kurz não é primeiro-ministro, mas chanceler da Áustria. O Partido Comunista Austríaco segue existindo legalmente e disputou as últimas eleições. A população mais atingida com políticas discriminatórias de Kurz foi a comunidade islâmica.
A prisão perpétua para tráfico de drogas existe no Código Penal do país desde 1998, portanto seu estabelecimento não é de responsabilidade de Kurz, mas de Viktor Klima, que ocupava o cargo cinco mandatos antes.
Kurz não foi a nenhum presídio após suas duas eleições prometer trabalho no serviço público para encarcerados, outra falsidade presente no texto. A parte que o texto do boato menciona que o governo austríaco cortou ajuda de custos a estrangeiros é verdadeira.
No primeiro governo de Kurz, entre o final de 2017 e o começo de 2019, seria adequado chamar o governo de direita ou extrema-direita, mas no segundo mandato, desde o final de 2019, há uma coligação com um partido de centro-esquerda no poder Executivo. Portanto, ao compartilhar o texto agora, essa informação também se torna errada.
O Boatos.org e o site português Observador também desmentiram este boato.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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