Postagens enganam ao associar apagão a notícia de janeiro sobre vandalismo em torres de energia

Publicações nas redes sociais tiram de contexto reportagem do começo deste ano para atribuir blecaute recente a bolsonaristas

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Foto do author Gabriel Belic

O que estão compartilhando: que bolsonaristas radicais derrubaram uma torre de transmissão e causaram o apagão que ocorreu nesta terça-feira, 15.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Peças desinformativas nas redes sociais tiram de contexto trecho de noticiário do canal independente BM&C News, exibido no dia 10 de janeiro deste ano, para atribuir o apagão a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na realidade, o corte específico informava sobre a derrubada de torres de transmissão de energia no início do ano.

Publicações nas redes sociais tiram de contexto uma notícia de janeiro deste ano para atribuir apagão a bolsonaristas Foto: Arte/Estadão

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Saiba mais: Nesta terça-feira, 15, um apagão atingiu 25 Estados e o Distrito Federal. Conforme o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), houve uma falha na interligação da transmissão de energia entre o Norte e o Sudeste às 8h31. O Ministério de Minas e Energia (MME) afirmou que o sistema nacional de energia foi restabelecido às 14h30, com ajustes pontuais a serem realizados.

No mesmo dia, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o apagão não teve relação com suprimento energético ou com a segurança do sistema elétrico. O ministro disse que o ONS colocou como prazo limite 48 horas para entregar o relatório com um diagnóstico sobre as causas do blecaute.

Além da apuração dos órgãos setoriais, o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram acionados. Conforme o governo federal, o problema pode ter começado devido a um problema no Ceará e outro em um ponto do sistema ainda não identificado.

Na quarta-feira, 16, Silveira afirmou que a linha de transmissão que apresentou falhas no Ceará pertence à Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, a Chesf, subsidiária da Eletrobras. O ministro disse que o problema se deu na linha de transmissão Quixadá/Fortaleza e que ainda não é possível determinar se a ocorrência foi resultado de uma falha humana ou sistêmica.

“Esse evento foi considerado, a princípio, de pequena magnitude e, isoladamente, não era suficiente para causar colapso do sistema como um todo. Ou seja, a partir desse evento, que ocorreu em uma linha de Eletrobras, da Chesf, por um erro de programação, o sistema não se protegeu como deveria ter acontecido e ocasionou uma série de outras falhas do sistema a partir daí, que serão apuradas pelo ONS”, afirmou.

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O blecaute tem sido alvo de peças de desinformação nas redes sociais. No Facebook e TikTok, por exemplo, diversas postagens tiraram de contexto uma notícia sobre as derrubadas de torres de transmissão ocorridas em janeiro deste ano para atribuir o apagão a bolsonaristas. As publicações omitem a data da reportagem para sugerir que o conteúdo seja recente.

Entre os dias 8 e 16 de janeiro, oito torres de transmissão de energia foram vandalizadas por manifestantes golpistas, conforme mapeamento dos ataques à rede de energia feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O relatório que detalha os incidentes – ocorridos em São Paulo, Paraná e Rondônia – foi enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

Após os episódios, o governo instaurou um gabinete de crise para monitorar a segurança de instalações do setor elétrico. Em fevereiro, sem novas derrubadas, as atividades de monitoramento foram encerradas. À época, Aneel informou que o acompanhamento estava sendo feito “dentro das rotinas normais de monitoramento de ocorrências definidas em procedimentos” pelo ONS e aprovadas pela agência.

Como lidar com postagens do tipo: O apagão que atingiu Estados do Norte, Nordeste e parte das demais regiões do Brasil ainda está sendo apurado. Assim, para saber mais desdobramentos sobre o caso, é importante buscar fontes confiáveis sobre o assunto antes de compartilhar conteúdos duvidosos nas redes sociais.

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