Não há indícios de perseguição em acusações contra Nego Di; inquérito começou antes da atual gestão

Vídeo diz que comediante seria alvo político por fazer críticas ao governo federal; investigação contra ele foi aberta ainda em 2022 pela Polícia do Rio Grande do Sul; advogado diz que provas mostrarão sua inocência

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Conteúdo investigado: Vídeo em que homem chama o governo Lula de ditadura e sugere perseguição estatal contra o influenciador Nego Di. No post, ele afirma que Monark estava certo quando alertou o comediante sobre suposta perseguição em uma conversa no X.

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Onde foi publicado: TikTok e YouTube.

Conclusão do Comprova: Não há indícios de que a prisão do comediante Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, tenha sido efetuada por razões políticas. O influenciador foi preso em 14 de julho em operação deflagrada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, que investiga crime de estelionato praticado contra 370 pessoas. As autoridades apuram o caso desde 2022, antes de Lula tomar posse na presidência.

O comediante também foi alvo da operação Rifa$, deflagrada em 12 de julho pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre. O ex-BBB e a esposa, Gabriela Sousa, são acusados de lavagem de cerca de R$ 2 milhões com rifas virtuais ilegais e fraudes nas redes sociais.

O vídeo verificado, publicado pelo youtuber Ricardo Albuquerque, conhecido como Peter Turguniev, revela que Monark, também influenciador digital, teria alertado Nego Di sobre uma possível “perseguição”. No vídeo, Peter apresenta um print do X, no qual o ex-podcaster aconselha o humorista a comprar bitcoins e estar preparado para deixar o país. Em resposta, Nego Di descartou os conselhos e afirmou que existe “um abismo” entre as atitudes e falas dos dois.

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Não há indícios de perseguição política em investigação do influenciador Nego Di; inquérito começou antes do atual governo tomar posse. Foto: Reprodução

O diálogo ocorreu entre os dias 14 e 15 de maio, logo após o Tribunal de Justiça (TJ) determinar que Nego Di deveria apagar publicações com informações falsas sobre as enchentes. Ele chegou a postar, por exemplo, um vídeo antigo de uma pessoa morta em outra tragédia como se tivesse sido gravado no RS. A Justiça ordenou a exclusão imediata das postagens e proibiu o influenciador de reiterar as afirmações falsas, sob pena de multa de R$ 100 mil.

Ao contrário do que alega o vídeo verificado, todas as denúncias foram realizadas em âmbito estadual, por meio da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio Grande do Sul, sem participação de órgãos federais.

Sobre a prisão de Nego Di, o chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Fernando Sodré, negou em entrevista à CNN que a detenção tenha sido motivada por perseguição política. Ele destacou que as investigações começaram em 2022, antes mesmo de Lula tomar posse e de qualquer manifestação político-partidária feita por Nego Di. Ainda segundo Sodré, a investigação foi concluída em 2023, antes das enchentes. O investigador aponta também que as provas do caso são técnicas e que, para a polícia, não há dúvida de que o influenciador tenha entrado em processo indevido e ilícito.

Em resposta ao Comprova, a defesa de Nego Di afirmou que a prisão de Anderson Bonetti, apontado como sócio do influenciador, realizada no dia 22 de julho é “decisiva para o esclarecimento dos fatos e comprovação da inocência do criador de conteúdo digital”. As advogadas Tatiana Borsa e Camila Kersch reforçaram ainda que o processo tramita em segredo de Justiça e, por esse motivo, a defesa irá se manifestar em momento oportuno.

A reportagem também entrou em contato com o autor do vídeo, mas não houve retorno até a publicação deste texto.

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Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 26 de julho, a publicação checada pelo Comprova no TikTok tinha 33 mil visualizações. Já no Youtube, de onde o corte foi retirado, o vídeo passava de 85,3 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Localizamos no YouTube a publicação do vídeo original, a partir do qual foi feito o recorte. Também usamos como fonte uma reportagem publicada pela CNN. Para reunir informações sobre as denúncias contra o Nego Di consultamos o site da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio Grande do Sul e entramos em contato com a assessoria do influencer.

Acusações contra Nego Di

Nego Di foi preso em 14 de julho em uma residência na praia de Jurerê, em Florianópolis (SC), na Operação 300+, derivada de uma investigação que durou mais de um ano. Nesse período, foram analisados documentos, 370 ocorrências e seus anexos, centenas de laudas de dados bancários e 73 vídeos..

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O sócio do ex-BBB, Anderson Bonetti, também é investigado. Em março de 2022, os dois criaram a loja virtual “Tadizuera”, vinculada à imagem do influenciador, na qual seriam vendidos produtos como televisores, ar condicionados e celulares, abaixo do preço de mercado. Segundo as investigações, os itens, no entanto, nunca foram entregues aos compradores. O site foi suspenso por decisão judicial em junho de 2022, e o prejuízo ocasionado pela fraude é de cerca de R$ 5 milhões.

Em outra investigação do MPRS, Nego Di e sua esposa são suspeitos de fraude e lavagem de dinheiro. Segundo o órgão, o casal arrecadou cerca de R$ 2 milhões com a promoção de rifas virtuais ilegais. Os prêmios, que seriam valores em dinheiro e bens de alto valor, também não teriam sido entregues.

Na operação Rifa$, deflagrada em 12 de julho, em Santa Catarina, o MP apreendeu dois veículos de luxo, munição e arma de uso exclusivo das Forças Armadas sem registro. Gabriela foi presa em flagrante por porte ilegal do armamento, mas foi solta após pagar fiança de R$ 14 mil.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Durante o período das enchentes no Rio Grande do Sul, o humorista foi uma das figuras públicas que disseminou desinformação sobre a atuação dos governos federal e estadual. O Aos Fatos mostrou ser falso um boato amplamente divulgado por Nego Di de que o governo do RS estaria barrando jet-skis e barcos de voluntários. O Comprova já mostrou ser enganoso que todos os profissionais autônomos serão obrigados a pagar 26,5% em impostos com a reforma tributária e que a Europa estaria barrando importações do Brasil.

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Esta verificação contou com a participação de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

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