Postagem engana ao sugerir que não foi Lula quem assinou documentos enquanto estava hospitalizado

Equipe médica do presidente afirmou que ele estava ‘cognitivamente bem’ e ‘apto a praticar qualquer ato de vida civil’ durante a internação

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Foto do author Milka Moura
Atualização:

O que estão compartilhando: vídeo em que homem diz que o Diário Oficial da União tem atos publicados pelo presidente Lula enquanto ele estava na UTI, após passar por cirurgia para tratar de um sangramento na cabeça. Legenda sobreposta ao vídeo pergunta: “Quem assinou pelo Lula no Diário Oficial se ele está na UTI? Quem está assinando por ele?”

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Não há nenhuma evidência que outra pessoa tenha assinado, no lugar de Lula, decretos no Diário Oficial da União. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou no dia 12 que o presidente assinou de forma digital decretos que corriam o risco de perder o prazo de validade. Lula ficou hospitalizado do dia 9 ao 15 de dezembro. Os médicos responsáveis pelo seu tratamento afirmaram que o presidente estava “cognitivamente bem” e “apto a praticar qualquer ato de vida civil” durante a internação. Ele não chegou a transferir o cargo para o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Presidente não se afastou formalmente do cargo e estava cognitivamente e neurologicamente bem, segundo médicos. Foto: Reprodução/Instagram

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Saiba mais: vídeo compartilhado no Instagram insinua que outra pessoa estaria assinando documentos que foram despachados pelo presidente Lula enquanto ele estava hospitalizado. O autor do vídeo diz: “Ele assinou um ato que foi publicado ontem no Diário Oficial da União. Quem assinou por ele? Quem é que está governando o País? Quem efetivamente está despachando?”. Comentários na postagem sugerem que seria a primeira-dama Janja quem estaria no lugar do presidente. Outros usuários pedem a investigação do caso.

Lula foi internado no Hospital Sírio-Libanês no dia 9 de dezembro, após sentir dores de cabeça. Ele passou por uma cirurgia no crânio às pressas na madrugada do dia 10 para a drenagem de um hematoma. Lula seguiu internado até o dia 15, quando teve alta hospitalar.

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A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República informou, por meio de nota, que “os decretos publicados no período em que o presidente Lula estava hospitalizado foram despachados (discutidos) na segunda-feira, 9”. Ainda segundo a nota, o presidente assinou digitalmente decretos enquanto estava internado.

O ministro de Relações Institucionais Alexandre Padilha, em entrevista ao UOL, explicou a dinâmica adotada: “O combinado (é que) tudo aquilo que tenha prazo para sanção, ele (Lula) está assinando. Tem um mecanismo, que quem conduz é a Casa Civil, dessa assinatura”. Outros jornais também publicaram que o presidente despachava do hospital, enquanto se recuperava (aqui). Vale lembrar também que o presidente não se afastou formalmente do cargo. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, assumiu apenas os compromissos formais de Lula.

“A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República lamenta a disseminação de informações falsas, teorias conspiratórias e achismos com o intuito de desinformar a população”, completou a Secom ao Verifica.

Presidente estava cognitivamente bem, disseram médicos

Os conteúdos virais como o aqui checado sugerem que Lula não estaria em condições de realizar as funções que lhe cabem. No entanto, o médico Rogério Tuma, durante coletiva de imprensa no dia 12 de dezembro no Hospital Sírio-Libanês, disse que ele estava “cognitivamente bem” e “apto”.

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“Ele está normal. O exame neurológico dele é normal. Ele está muito bem e apto a praticar qualquer ato de vida civil, ato de manutenção da vida, ele está cognitivamente íntegro. A recomendação médica é que ele não se esforce nem física e nem mentalmente, então a solicitação é que ele não trabalhe enquanto está no hospital e não passe nenhum estresse”, explicou, após um jornalista questionar se o presidente estava trabalhando da unidade médica. (confira aqui, a partir do minuto 14:59).

O Estadão Verifica também já mostrou que os procedimentos realizados em Lula permitem uma recuperação rápida, por ser pouco invasivo e pouco agressivo.

Esse conteúdo também foi checado por Aos Fatos.

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