O texto foi atualizado para incluir respostas da candidata.
A candidata à Prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB) participou nesta quinta-feira, 12, de sabatina do Estadão. O Estadão Verifica, núcleo de checagem de fatos do jornal, analisou as alegações feitas pela deputada federal. Foram consideradas apenas afirmações factuais, como números, datas, comparações de grandeza e outras. Após a apuração, atribuímos as etiquetas “falso”, “enganoso”, “exagerado”, “subestimado”, “impreciso”, “falta contexto” e “verdadeiro”. Veja o resultado abaixo.
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Cobertura da saúde
O que Tabata disse: que São Paulo tem pouco mais de 50% de cobertura de Saúde da Família e que cerca de 20% da população não é coberta pela Atenção Primária.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. O dado mais recente do sistema e-Gestor, do Minstério da Saúde, é de abril de 2024. Ele aponta que a cobertura da atenção primária na capital era de 62,9%. Isso significa que mais de 37% da população não é coberta pela atenção primária.
Em contato com o Verifica, a candidata afirmou que se baseou em um boletim da Secretaria Municipal de Saúde de julho de 2023. De acordo com esse documento, a cobertura de saúde da família em São Paulo era de 47,9% e a cobertura de atenção primária era de 71,2%.
O texto foi atualizado para retirar um dado antigo sobre a cobertura da saúde da família, de 2020.
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Investimento em Saúde
O que Tabata disse: que houve aumento no investimento da Saúde: são mais de R$ 20 bilhões por ano.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Conforme dados disponíveis no Caderno do Orçamento da Prefeitura de São Paulo, houve, de fato, um aumento no investimento na área da Saúde em 2024, quando comparado com a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022 e 2023. Em 2022, o investimento foi de R$ 14,8 bilhões, enquanto em 2023 subiu para R$ 17,2 bilhões. Contudo, o orçamento para a Saúde neste ano não é superior a R$ 20 bilhões, como afirmou a candidata, mas sim de R$ 19,1 bilhões.
Investimento em transporte público
O que Tabata disse: que a cidade de São Paulo investe mais de R$ 11 bilhões por ano no transporte público. Segundo a candidata, para ter tarifa zero no dia de semana, o município teria que investir pelo menos mais R$ 10 bilhões.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. De acordo com dados de orçamento aprovados na Lei Orçamentária Anual (LOA), o investimento aprovado para transportes e mobilidade em 2024 é o maior desde 2021, totalizando R$ 12,4 bilhões. Conforme os Cadernos do Orçamento da Prefeitura de São Paulo, o montante destinado para a área de transportes foi de R$ 8,16 bilhões em 2023, R$ 6,71 bilhões em 2022 e R$ 4,63 bilhões em 2021. Em relação ao custo de uma política permanente de tarifa zero, o custo mencionado pela candidata é verdadeiro. Ao g1, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, disse que a implementação de uma tarifa zero permanente custaria pelo menos R$ 10 bilhões por ano aos cofres da prefeitura, conforme os dados registrados pela SPTrans em 2022.
Outro lado: A equipe da candidata afirmou que ela se referiu aos dados da LOA de R$ 12,4 bilhões, portanto, mais de R$ 11 bilhões.
Efetivo da guarda
O que Tabata disse: que há 7.500 guardas em São Paulo.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) informou em nota que atualmente a Guarda Civil Metropolitana (GCM) conta com efetivo de 7.318 guardas.
Fila de exames
O que Tábata disse: que há 400 mil pessoas aguardando exame.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), em 1º de julho deste ano, o número de exames na fila era 351.472. Em janeiro deste ano, segundo dados divulgados pelo g1, havia 445 mil pessoas na fila dos exames.
Tempo no transporte público
O que Tabata disse: que as pessoas levam, em média, duas horas e meia no transporte público em São Paulo, e que aquelas que estão em São Mateus e Parelheiros levam três a quatro horas.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: o primeiro dado é impreciso e o segundo é exagerado. A Pesquisa Viver em SP: Mobilidade Urbana, divulgada em 2023 pela Rede Nossa São Paulo e pelo Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com o Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), mostra que o tempo médio de deslocamento das pessoas que usam transporte público em São Paulo em 2023 foi de 2h26. Na Zona Leste, onde fica São Mateus, o tempo médio gasto no deslocamento sobe para 2h36, e na Zona Sul, onde fica Parelheiros, fica em 2h24, em média.
Outro lado: A equipe da candidata afirmou que Tabata usou a mesma fonte de dados que a checagem. “Falar que as pessoas levam 2h30, uma aproximação, não demonstra imprecisão ao dado de 2h26, mas facilita a comunicação para a população”, afirmou. Sobre o tempo de deslocamento de São Mateus e Parelheiros, a equipe de Tabata considerou que há bairros mais próximos e mais afastados na Zona Leste e na Zona Sul. “Logo, não há exagero em dizer que existem pessoas que passam mais de 3h em deslocamento”, declarou.
Classificação nas pesquisas
O que Tabata disse: que ela varia, nas pesquisas, de 8% a 13%.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro, se consideradas as margens de erro dos levantamentos. Nas principais pesquisas mais recentes, a pontuação de Tabata foi de 8% (Quaest), 9% (Datafolha) e 10,7% (Atlas). Na Atlas, em que a candidata costuma se sair melhor, ela chegou a 12% no final de agosto.
Déficit habitacional
O que Tabata disse: que a cidade de São Paulo tem déficit habitacional de 400 mil pessoas.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. De acordo com reportagens publicadas pela imprensa (aqui e aqui), essa é a estimativa oficial.
Imóveis abandonados
O que Tabata disse: que um quinto dos imóveis no Centro de São Paulo está abandonado.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. Dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados no ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que pouco mais de 20% dos imóveis sem uso na Capital estão no Centro. São 58,7 mil desocupados, do total de 283,2 mil domicílios nos dez distritos que compõem o Centro, como mostra esta reportagem da Folha.
Cracolândia
O que Tabata disse: que há 70 “cracolândias” espalhadas pela cidade, um sistema que lucra R$ 200 milhões por ano.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdade. Dados obtidos pela Folha de S. Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) mostraram que a Capital tem 72 concentrações de usuários de drogas, espalhadas por 47 bairros. Em 2022, a estimativa era de que o tráfico na Cracolândia movimentasse R$ 200 milhões por ano.
UPBus
O que Tabata disse: que o prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), gravou um vídeo elogiando a UPBus depois da operação que prendeu o dono da empresa por suspeita de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdade. No dia 10 de abril, um dia após a operação do Ministério Público, Nunes foi à UPbus, onde gravou vídeo elogiando a empresa.
PCC nas campanhas eleitorais
O que Tabata disse: que o PCC destinou R$ 8 bilhões para financiar a campanha eleitoral deste ano.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdade. Reportagem do UOL mostrou no início deste mês que o PCC movimentou R$ 8 bilhões por meio de um “banco do crime” e algumas empresas para apoiar candidaturas em cidades de São Paulo. O esquema criminoso foi descoberto após investigação da Polícia Civil de Mogi das Cruzes.
Pablo Marçal e fraude bancária
O que Tabata disse: que o candidato Pablo Marçal (PRTB) fez parte da maior quadrilha de fraude bancária do Brasil. Ele só não ficou preso porque entregou os comparsas dele.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdade. Marçal foi condenado por furto após envolvimento com uma quadrilha que realizava fraude bancária. Ele chegou a ser preso temporariamente e, segundo a Folha de S. Paulo, foi liberado após passar informações de seus comparsas à Polícia Federal.
Marçal e PCC
O que Tabata disse: que Marçal está rodeado de gente que já foi presa, que trocou cocaína por avião e carro de luxo e que está sendo indiciada. O próprio Marçal é réu em investigações de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e homicídio.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdade. Como mostrou o Estadão, aliados do presidente nacional do Partido Renovador Trabalhista Brasil (PRTB) e alguns articuladores informais do partido de Pablo Marçal foram acusados de trocar carros de luxo por cocaína para o PCC. O próprio Marçal é investigado pela PF por supostos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de capitais nas eleições de 2022. Ele também é investigado pela Polícia Civil por suspeita de homicídio privilegiado tentado, por colocar em risco a vida de 32 pessoas em uma expedição ao Pico dos Marins. Na ocasião, o grupo liderado por Marçal teve que ser resgatado pelos bombeiros devido ao mau tempo.
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