Vídeo engana ao afirmar que suco de chuchu elimina dores e colesterol alto em minutos

Especialistas defendem que, apesar de rico em nutrientes, vegetal não é recomendado para tratamento de doenças e sintomas complexos

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Por Francisco Camolezi

O que estão compartilhando: que o suco de chuchu, quando ingerido com limão três vezes por semana em jejum, é capaz de “eliminar dor nos joelhos, inchaço nos pés, pressão alta, colesterol, má circulação do sangue e anemia”, além de auxiliar no controle e prevenção da diabetes, estimular o metabolismo e “reparar qualquer tipo de dano nos nossos órgãos”. O vídeo, publicado no Instagram, afirma que o suco “é tão eficaz que fará efeito em alguns minutos”.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Apesar de o chuchu ser rico em uma série de vitaminas, sais minerais e fibras, especialistas não aconselham o uso do suco como um tratamento “milagroso” ou “definitivo” para os problemas citados no vídeo. Quanto à diabetes, o alto teor de fibras do chuchu pode auxiliar no controle dos níveis de açúcar no sangue, no entanto, grande parte desses nutrientes é perdida durante o processo de extração do suco. Além disso, não há indícios de que o chuchu possa acelerar o metabolismo. Por fim, difundir a informação de que o consumo de um único alimento pode resolver sintomas complexos é prejudicial para uma alimentação saudável.

Vídeo engana ao afirmar que suco de chuchu é capaz de eliminar uma série de sintomas Foto: Reprodução/Instagram

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Saiba mais: Publicado por uma página com 857 mil seguidores no Instagram, o vídeo acumulou mais de 5 mil curtidas e 4,6 mil compartilhamentos diretos desde o domingo, 10.

O chuchu é um alimento rico em água, vitaminas A, B e C, cálcio, potássio, fósforo, ferro e fibras. Para o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), os nutrientes presentes no vegetal podem auxiliar na melhoria do trânsito intestinal, bem como na redução da retenção de líquido e pressão arterial. No entanto, “não há como prever efeitos e resultados de sucos caseiros” para o tratamento de qualquer doença.

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O posicionamento é compartilhado pela nutricionista clínica Daniela Cierro, consultora da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran). Para Daniela, é impossível determinar que o consumo de um alimento específico possa resolver sintomas ou doenças. Na verdade, essa ideia “carrega uma série de mensagens negativas sobre a prática da alimentação saudável”, porque limita a variedade da dieta.

De acordo com a nutricionista, é importante que, além de saudável, a ingestão de alimentos seja equilibrada, ou seja, forneça todos os nutrientes necessários para a manutenção do corpo, como proteínas e carboidratos — pouco presentes no chuchu. Daniela lembra que, em caso de diabetes, os legumes precisam compor cerca de 50% da alimentação para o controle adequado do índice glicêmico. A nutricionista defende que “não há um superalimento”.

Sobre a diabetes, Ribas acredita que a alta quantidade de fibras do chuchu pode auxiliar no controle dos níveis de açúcar no sangue. No entanto, a doença exige um acompanhamento médico constante, uma vez que, além da dieta orientada, o tratamento envolve o uso de medicamentos. Além disso, grande parte das fibras do chuchu é quebrada quando o suco é coado, o que faz com que a ingestão do vegetal inteiro seja mais útil para auxiliar no controle do nível glicêmico quando comparado ao suco.

Ribas acrescenta que o chuchu é um alimento ideal para dietas de emagrecimento por conta do baixo teor de calorias e do efeito de aumentar a produção de urina e prolongar a sensação de saciedade. No entanto, “não há relação entre o vegetal e a aceleração do metabolismo”, segundo o nutrólogo. Daniela concorda. De acordo com a nutricionista, o funcionamento metabólico depende de outras variáveis, como a qualidade de sono.

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Pacientes que relatam dores nas articulações, inchaços, pressão alta, colesterol, problemas de circulação e anemia precisam buscar avaliação médica a fim de evitar doenças relacionadas a esses sintomas, como a artrose, artrite e hipertensão, que não podem ser tratadas com receitas caseiras.

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