É falso que um homem preso por montar uma bomba que foi colocada em um caminhão no Distrito Federal seja simpatizante do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Postagens tentam desvincular George Washington de Oliveira Sousa de Jair Bolsonaro, mesmo após ele confessar à Polícia Civil ser eleitor do atual presidente e ter dito que sua intenção era causar confusão às vésperas da posse do futuro mandatário.
Um vídeo com mais de 160 mil visualizações no Facebook alega que George Washington seria “um cara ligado ao sindicato dos funcionários da Petrobras” que “se diz bolsonarista querendo explodir Brasília”. Também acusa a imprensa profissional de mentir ao afirmar que ele seria eleitor de Bolsonaro.
Foi o próprio Washington quem disse ser bolsonarista em depoimento para a Polícia Civil, por considerar o presidente “um patriota e um homem honesto”. Falou que “as palavras do presidente Bolsonaro” o incentivaram a gastar R$ 160 mil em armamento, e que foi para Brasília com a intenção de “participar dos protestos que ocorriam em frente ao QG do Exército e aguardar o acionamento das Forças Armadas para pegar em armas e derrubar o comunismo”.
George Washington também revelou que o plano com as bombas foi arquitetado no acampamento de bolsonaristas em frente ao QG do Exército, em Brasília. O auto de prisão completo pode ser lido aqui.
É falso que ele seja “sindicalista dos funcionários da Petrobras” – no depoimento à Polícia Civil, George Washington disse ser gerente de um posto de gasolina no Pará. Em nota, a estatal negou que ele pertença ao seu quadro de funcionários. A Federação Única dos Petroleiros (FUP), união de sindicatos do ramo, também negou que ele faça parte de alguma das 18 entidades de classe presentes no País. O Sindipetro Pará/AM/MA/AP, atuante no Estado de George Washington, também negou que ele seja filiado.
Planejamento do atentado
A Polícia investiga a participação de ao menos seis pessoas na preparação do atentado – todas estavam no acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército. Um deles já teria fugido de Brasília, disse o governador Ibaneis Rocha. Além do atentado frustrado, foram encontrados explosivos em uma área de mata próxima a Brasília. O ministro Alexandre de Moraes suspendeu o porte de armas no Distrito Federal durante a posse de Lula, em 1º de janeiro, a pedido da equipe de transição.
Não é a primeira vez que apoiadores tentam desvincular o presidente de atos de violência. Quando vândalos atearam fogo em veículos no Distrito Federal após a prisão de um dos simpatizantes de Bolsonaro, as redes compartilharam a narrativa de que a destruição foi fruto de “infiltrados”.
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