O que estão compartilhando: montagem com duas notícias. A primeira, do G1, informa que em maio um avião da Força Aerea Brasileira (FAB) decolou com 18 toneladas de alimentos para o Rio Grande do Sul. A segunda, do R7, afirma que o Brasil enviou, em fevereiro, 125 toneladas de alimentos para Cuba.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A manchete do G1 refere-se ao transporte em um avião da FAB de 18 toneladas de alimentos doados pela população ao Rio Grande do Sul, em 6 de maio. Mas a Força Aérea já transportou ao todo 100 toneladas de doações nessas mesmas circunstâncias. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) enviaram 52 mil cestas básicas aos gaúchos. Os alimentos começaram a ser distribuídos em 7 de maio. Cada cesta pesa 21,5 kg, ou seja, são 1.118 toneladas de alimentos. Em relação aos alimentos enviados a Cuba pelo Brasil, o post omite que houve apoio financeiro dos Emirados Árabes Unidos, em decorrência de um acordo entre os três países.
Saiba mais: A reportagem do G1 publicada no dia 6 de maio afirma que a aeronave oficial da FAB saiu de Brasília para o Rio Grande do Sul com doações feitas pela população, o que é omitido no post nas redes sociais.
Essa não foi a única viagem dos militares nessas circunstâncias. Conforme a Aeronáutica, desde quando as enchentes se agravaram, em 30 de abril, a Força Aérea deslocou aproximadamente 100 toneladas de doações e materiais hospitalares para as regiões atingidas. Apenas no dia em que a postagem enganosa foi publicada, em 7 de maio, foram encaminhadas 34 toneladas em fardos de água, cestas básicas, colchões, cobertores e medicamentos.
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No mesmo dia, o governo federal começou a distribuir as 52 mil cestas de alimentos destinadas aos gaúchos. Segundo o MDS, no primeiro dia chegaram 1,5 mil cestas e no segundo mais 3 mil. Após isso, estão sendo deslocadas diariamente 4,5 mil cestas até atingir o total. A execução do cronograma depende das condições climáticas e das estradas nas regiões afetadas, segundo o ministério.
Cada cesta enviada é composta de oito itens: arroz (10 kg), feijão carioca (3 kg), leite em pó integral instantâneo (2 kg), óleo de soja (900 ml), farinha de trigo (1 kg) ou farinha de mandioca (1kg), macarrão espaguete comum (1 kg), fubá de milho (1 kg), açúcar cristal (1 kg), sardinha em óleo comestível (500 g) e sal refinado e iodado (1 kg). O valor empenhado para a aquisição dos alimentos é de R$ 8,39 milhões.
E os alimentos enviados a Cuba?
O print do R7 que fala sobre o envio de alimentos pelo Brasil a Cuba é da coluna de Patricia Lages, que faz críticas à decisão do governo brasileiro.
De fato, em 12 de fevereiro, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou em nota sobre o envio dos alimentos e explicou se tratar de uma parceria pactuada entre os governos do Brasil, dos Emirados Árabes Unidos e de Cuba para promover a “segurança alimentar e nutricional na América Latina”.
Em decorrência dessa iniciativa, foram entregues aos cubanos, no último mês, 125 toneladas de leite em pó produzidas no Brasil. Na ocasião, o MRE informou que carregamentos adicionais de leite em pó, além de arroz, milho e soja, devem ser enviados em breve.
As doações têm apoio financeiro dos Emirados Árabes Unidos. O acordo foi assinado entre os três países durante a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), ocorrida na Expo City Dubai, de 30 de novembro a 13 de dezembro de 2023.
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