Post engana ao sugerir que tribunais escolhem deliberadamente urnas que serão auditadas nas eleições

Equipamentos que passam por procedimento de votação paralela são escolhidas por entidades fiscalizadoras em cerimônia pública, e não pela Justiça Eleitoral; se não houver entidades suficientes na cerimônia, alguns aparelhos são sorteados, explica TRE-SP

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Foto do author Clarissa Pacheco

O que estão compartilhando: que as urnas eletrônicas que passam por testes antes das eleições são escolhidas pelos tribunais eleitorais, e não sorteadas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. As urnas que passam pelo teste de integridade podem ser escolhidas ou sorteadas, mas a escolha não é feita pelos tribunais, e sim por entidades fiscalizadoras do pleito. O vídeo compartilhado mostra um trecho de uma entrevista de secretário de auditoria do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Marcos Miotto, em que ele diz que nove urnas escolhidas foram submetidas ao teste de integridade. Esses equipamentos foram selecionados entre 20 sorteados no Estado.

 Foto: Reprodução/Instagram

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Saiba mais: Na legenda e nos comentários, há insinuações de que o processo é fraudulento e que dará vitória ao candidato a prefeito em São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos. A entrevista foi transmitida ao vivo a partir das 8h12 deste domingo, 27, quando o repórter David de Tarso ouviu Miotto no Centro Cultural de São Paulo (CCSP), onde nove das 20 urnas eletrônicas selecionadas no Estado de São Paulo passaram por auditoria. Na véspera, a emissora acompanhou a cerimônia e o repórter Anthony Wells disse que 20 urnas haviam sido sorteadas.

Em nota, o TRE-SP informou que as urnas auditadas tanto podem ser escolhidas como sorteadas. Isso porque, na véspera da votação, há uma cerimônia pública na sede do Tribunal que define quais urnas passarão pelo procedimento. Essa cerimônia conta com entidades fiscalizadoras que escolhem os equipamentos a serem auditados. Se não houver representantes suficientes, as urnas são sorteadas (leia mais abaixo).

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Como é o processo de auditoria

O repórter David de Tarso, da Jovem Pan News, acompanhou o teste de autenticidade feito em nove das 20 urnas selecionadas para passar pelo procedimento no segundo turno em todo o Estado de São Paulo. No primeiro turno, foram 33 urnas. Ele entrou ao vivo às 8h12 deste domingo ao lado de Marcos Miotto, do TRE-SP, e pediu que o secretário de auditoria explicasse de maneira simples como se dava o processo.

Na tela, aparece o seguinte texto, que foi omitido do post verificado: “TRE-SP faz teste de integridade dos sistemas eleitorais: 20 urnas foram sorteadas para passar pelo processo”.

Repórter entrevistou ao vivo secretário de auditoria do TRE-SP, Marcos Miotto. Texto falava em 20 urnas "sorteadas" Foto: Reprodução/Jovem Pan News

Miotto responde que as urnas escolhidas na cerimônia realizada no sábado no TRE-SP passarão neste domingo por um teste de autenticidade. “Essas urnas, na verdade, elas são trazidas das zonas eleitorais onde haverá a votação e a gente faz um paralelo: cédulas de papel são preenchidas com os candidatos daquele município e depois eles são lançados nessa urna eletrônica, e depois os resultados são confrontados para que depois a gente verifique que o que constava da cédula é exatamente igual ao resultado que a urna fornece”, disse.

O processo é filmado, segundo Miotto, para garantir que não há qualquer tipo de divergência entre o que é digitado na urna e o que consta na cédula. De acordo com o TRE, os testes de autenticidade são realizados no próprio local de votação, das 8h às 17h, e, após o teste, as urnas são levadas para a Capital para passar por auditoria.

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Na véspera, outro repórter da Jovem Pan News acompanhou a cerimônia em que as urnas que passariam pelo teste foram definidas. Anthony Wells estava na sede do TRE-SP e disse: “Falamos ao vivo do Tribunal Regional Eleitoral aqui de São Paulo, onde neste momento acontece a cerimônia para sortear 20 urnas das 18 cidades aqui do Estado onde o segundo turno vai acontecer”.

Urnas são escolhidas ou selecionadas?

De acordo com o TRE-SP, as urnas que passarão pelos testes são selecionadas em uma cerimônia pública na sede do Tribunal, sempre na véspera da votação. A cerimônia é aberta ao público e conta com a presença de “representantes de entidades fiscalizadoras do pleito, como partidos, federações, coligações, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil e Tribunal de Contas, entre outras”.

No momento da cerimônia, as urnas a serem auditadas podem ser sorteadas ou escolhidas pelo público presente. As entidades com representantes na cerimônia são:

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  • Partidos políticos, federações e coligações;
  • Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);
  • Ministério Público;
  • Congresso Nacional;
  • Controladoria-Geral da União;
  • Polícia Federal;
  • Sociedade Brasileira de Computação;
  • Conselho Federal de Engenharia e Agronomia;
  • Conselho Nacional de Justiça;
  • Conselho Nacional do Ministério Público;
  • Tribunal de Contas da União;
  • Confederação Nacional da Indústria, demais integrantes do Sistema Indústria e entidades corporativas pertencentes ao Sistema S;
  • Entidades privadas brasileiras, sem fins lucrativos, com notória atuação em fiscalização e transparência da gestão pública, credenciadas no TSE;
  • Departamentos de tecnologia da informação de universidades credenciadas no TSE.

Os representantes destas entidades são os responsáveis por escolher quais urnas serão auditadas, e não os Tribunais Regionais Eleitorais. “Se na cerimônia não há entidades em número suficiente para a escolha de todas as urnas, algumas máquinas são sorteadas”, explicou o TRE-SP.

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