Voltou a circular nas redes esta semana um vídeo que mostra garis entregando urnas eletrônicas na Escola Municipal George Sumner, no bairro Riachuelo, no Rio de Janeiro. As imagens são de 2018 e, diferentemente do que insinua o homem que gravou e divulgou a filmagem, a entrega de urnas não foi ilegal. Na ocasião, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) esclareceu que a Companhia Municipal de Limpeza Urbana da Cidade do Rio de Janeiro (Comlurb) tinha um convênio com o Tribunal para distribuição dos equipamentos de votação e que os garis estavam habilitados para desempenhar a função.
O autor do vídeo não se identifica, mas diz durante a gravação que mora ao lado do prédio onde a entrega de urnas ocorreu, a Escola Municipal George Sumner, na Rua Ana Neri. Durante o vídeo, ele diz que nunca viu algo assim. O áudio capta quando uma mulher que passa pelo local diz: "Tá errado isso, tem que ser carro oficial". Uma das garis responde: "O que é que está errado?".
O homem, que está dentro de um carro, desce e vai até os profissionais e afirma que as imagens vão para o Facebook, como se denunciasse uma ação ilegal. Ele filma um ônibus de transporte público que levava os equipamentos e até um homem que faz a guarda de pé ao lado das caixas com urnas na calçada, enquanto os agentes da Comlurb levam os equipamento para dentro da escola.
Nos últimos dias, junto com o vídeo, posts na redes mentem ao afirmar que as urnas vêm da Venezuela já com votos inseridos e que, em vez de ficar sob guarda do TRE-RJ, os equipamentos estavam sendo levados ilegalmente para que ficassem escondidos na favela do Jacaré a mando do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No TikTok, o vídeo também circula com insinuações de que os equipamentos estavam sendo transportados a dois meses das eleições, sem passarem por fiscalização do Exército, o que não é verdade.
TSE e TRE-RJ já tinham se manifestado
O vídeo começou a circular nas redes pouco depois do primeiro turno das eleições de 2018. No dia 10 de outubro daquele ano, o TRE-RJ desmentiu o material, usado para alegar fraude nas eleições. Em nota, o Tribunal explicou: "Não há qualquer irregularidade nas imagens de garis transportando urnas eletrônicas em vídeo que vem circulando em aplicativos de mensagens e redes sociais. Em razão de convênio firmado pelo TRE-RJ com a Comlurb, esses profissionais estão devidamente habilitados a desempenhar tal atividade, que é acompanhada por servidores da Justiça Eleitoral e policiais militares", diz a nota.
O TRE-RJ também informou que mantinha convênio com empresas de ônibus para fazer o transporte dos equipamento, o que explica o fato de as caixas saírem de um ônibus estacionado do outro lado da Rua Ana Neri, onde fica a escola. O colégio abriga sete seções eleitorais da zona nº8 - da 124 à 130.
Em nota do dia 11 de outubro de 2018, o TSE também esclareceu que a ação era regular: "O vídeo não apresenta atividade irregular exercida pelos garis. A Justiça Eleitoral conta com convênios para promover a distribuição das urnas eletrônicas aos locais de votação".
Convênio com a Comlurb está mantido
Por meio de um convênio, a Comlurb cede os trabalhadores gratuitamente à Justiça Eleitoral para que eles façam exatamente o que aparece nas imagens. Para as eleições de 2022, o convênio foi firmado novamente, com validade de 6 de junho até 19 de dezembro deste ano.
O extrato do convênio foi publicado no Diário Oficial da União de 15 de junho deste ano e determina "cessões gratuitas de pessoal para a distribuição e recolhimento de urnas nos finais de semana da eleição, bem como de veículos para a fiscalização de propaganda e apoio logístico". Todos os convênios e termos de cooperação do TRE-RJ podem ser acessados aqui.
Extrato do Convênio entre TRE-RJ e COMLURB
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