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Vídeo exibe fotos manipuladas de Michelle Obama; ex-primeira-dama não é trans

Imagens foram editadas para alterar fisionomia da americana; boato tem sido compartilhado nas redes com discurso preconceituoso

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Foto do author Luciana Marschall
Atualização:

O que estão compartilhando: vídeo no Facebook mostra imagens em que a ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama aparece com sobrancelhas grossas e bigode; o autor do conteúdo afirma que ela teria votado como homem por anos.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. As fotos exibidas foram editadas para modificar o rosto de Michelle. Também é falso que ela tenha votado com registro do gênero masculino — isso foi desmentido pelo Conselho Eleitoral do Estado de Illinois, estado onde a ex-primeira-dama nasceu. A teoria falsa de que Michelle seria uma mulher trans tem sido compartilhada nas redes com frequência com mensagens preconceituosas, e foi desbancada diversas vezes por agências de checagem dos EUA.

Imagem compartilhada nas redes sociais foi manipulada a partir de uma foto publicada no Instagram de Michelle. Foto: Reprodução

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Saiba mais: O autor do vídeo em questão diz não acreditar na teoria de que Michelle seja uma mulher trans, mas repete alegações falsas sobre o tema, sem explicar a verdade. Ele exibe duas fotos e afirma que o ex-presidente Barack Obama aparece nas imagens com um “aparente amigo que lembra muito a sua atual esposa”. Posteriormente, o responsável pelo vídeo diz que uma das fotos foi manipulada, mas não explica sobre a outra.

Os dois registros foram retirados dos perfis oficiais do ex-presidente e da ex-primeira-dama no X (antigo Twitter) e no Instagram. As imagens foram manipuladas para modificar o rosto de Michelle.

A primeira imagem manipulada mostra Barack Obama abraçado a uma pessoa, segurando um jornal. A foto original foi postada por ele no X em 17 de janeiro de 2009, em publicação que parabenizava Michelle pelo aniversário. A fotografia foi reproduzida em sites como Quem e Caras.

Na versão original, Michelle usa cabelos compridos presos e brincos grandes de argola. Na versão adulterada, a edição digital encurtou o cabelo da ex-primeira-dama e removeu um dos brincos, além de ter alterado traços do rosto dela.

Essa foto foi verificada anteriormente por Politifact, Lead Stories e Reuters, mas o autor do conteúdo não faz essa explicação.

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Imagem manipulada (à esquerda) exibe diferenças no cabelo, nos brincos e nos traços da primeira-dama, que postou a foto original (à direita). Foto: Reprodução

A segunda foto apresentada no vídeo mostra Barack abraçado a uma pessoa com bigode e cabelo curto. Com a ferramenta de busca reversa de imagens (aprenda a usar aqui), encontramos uma verificação feita pela agência de checagem Polígrafo, que desmentiu o conteúdo apontando a foto original, postada no Instagram por Michelle Obama, em comemoração ao Natal de 2014.

Na foto, o casal está abraçado ao lado de uma árvore natalina. Ao comparar a imagem original com a adulterada, nota-se que na segunda versão o cabelo e as sobrancelhas de Michelle foram modificados e um bigode foi acrescentado.

Em relação a essa imagem, na segunda parte do vídeo, o autor explica a manipulação e mostra a foto original publicada por Michelle.

A segunda imagem manipulada (à esquerda) foi modificada a partir de uma foto postada no Instagram de Michelle (à direita). Foto: Reprodução

Em seguida, o responsável pelo vídeo cita que o Conselho Eleitoral do Estado de Illinois teria informado que Michelle se registrou para votar como homem em 1994 e que permaneceu assim até 2008, quando teria mudado oficialmente o gênero para feminino. O autor opina que a ex-primeira-dama poderia ter marcado erroneamente a informação e compara o caso ao de Jared Kushner, genro do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que esteve registrado para votar como mulher durante oito anos.

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Porém, como mostra uma checagem do Politifact, o Conselho Eleitoral do Estado de Illinois negou que Michelle tenha sido registrada como homem. O gênero no título de eleitor dela sempre foi feminino, de acordo com o órgão.

O Estadão Verifica procurou o autor do vídeo mas não teve resposta.

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