Ponte no Rio Araguaia não foi interditada por Lula; obras começaram em 2019 e terminam este ano

Estrutura ainda não está pronta para receber o tráfego de veículos; Dnit prevê liberar o acesso em novembro

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Foto do author Luciana Marschall

O que estão compartilhando: vídeo gravado pelo motorista de um veículo que está em uma balsa enquanto mostra uma ponte ao lado e afirma ser a “ponte do Bolsonaro e a balsa do Lula”. Ele alega que a “ponte é a coisa mais perfeita”, mas que “nós temos que pagar 170 ‘conto’ na balsa”.

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O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque a ponte que aparece no vídeo não está finalizada. Portanto, a travessia via balsa não é uma imposição do governo federal, mas sim o único meio viável para atravessar o Rio Araguaia por quem segue pela rodovia BR-153. A estrutura está sendo construída entre os municípios de São Geraldo do Araguaia, no Pará, e Xambioá, no Tocantins, e o governo federal prevê que esteja trafegável em novembro.

Também é incorreto dizer que é “a ponte do Bolsonaro” porque três governos diferentes já estiveram envolvidos na construção. Os trâmites para liberação da obra tiveram início antes do governo de Jair Bolsonaro (PL) e ela continuou a ser executada após o término do mandato dele.

No Instagram, a postagem recebe comentários afirmando que “interditaram a ponte por questões políticas” e “este é o Brasil, Lula suspendeu a construção da ponte”. Isso foi desmentido duas vezes no ano passado pelo Projeto Comprova (aqui e aqui), iniciativa de checagem que o Estadão Verifica integra. Em uma das ocasiões, a alegação viralizou junto ao mesmo vídeo que voltou a circular agora.

Ponte sobre o Rio Araguaia ainda está em processo de conclusão. Foto: Reprodução/Instagram

Saiba mais: O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou nesta semana que as obras de construção da estrutura da ponte estão 99% concluídas e que a previsão de entrega é no fim de setembro. Depois da conclusão da estrutura, ainda restarão serviços de pavimentação com asfalto, sinalização viária, iluminação e a laje de transição para os aterros dos acessos à ponte. Assim que os acessos estiverem erguidos, a ponte será liberada para o tráfego, o que está previsto para novembro de 2024. As obras complementares seguirão por mais alguns meses, com previsão de conclusão para julho de 2025.

Conforme o Dnit, foram investidos R$ 233 milhões na construção da ponte, que tem 1,7 quilômetros de extensão. Como explicado anteriormente pelo Comprova, o edital de licitação da obra foi publicado pelo departamento em outubro de 2016, durante o governo de Michel Temer (MDB), que assinou ordem de serviço para a construção cerca de um ano depois, em setembro de 2017. A obra, no entanto, demorou a ser iniciada devido a uma questão jurídica envolvendo as empresas participantes da licitação, o que foi solucionado em junho de 2019.

Em abril de 2020, nova ordem de serviço foi assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), retomando o projeto. O custo, na época, era estimado em R$ 157 milhões, com previsão de entrega em setembro de 2022. Em dezembro de 2022, último mês do governo Bolsonaro, o Dnit informou que estavam concluídos 100% da infraestrutura em lâmina d’água, 93,93% dos pilares e travessas que compõem a mesoestrutura (parte dos pilares) e 84,73% do trecho convencional executado. A construção foi continuada no governo seguinte, de Lula. Em dezembro do ano passado, o Dnit informou que 94% dos serviços da ponte haviam sido executados.

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