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Vídeo de manifestação na Venezuela em 2017 volta a circular como se fosse recente

Postagens enganam ao associar imagens ao resultado eleitoral de 2024; filmagem antiga mostra protesto contra Maduro, em onda que durou por meses no país vizinho

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O que estão compartilhando: vídeo que mostraria uma multidão protestando contra o regime de Nicolás Maduro e o resultado das eleições na Venezuela em 2024.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso, porque o vídeo não é recente. De fato, diversas manifestações foram registradas na Venezuela após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, controlado pelo chavismo, declarar que Maduro venceu as eleições presidenciais neste domingo, 28. As imagens compartilhadas, contudo, são de 2017, quando protestos da oposição também ocuparam as ruas da Venezuela.

Vídeo de manifestação na Venezuela em 2017 volta a circular como se fosse recente Foto: Reprodução/Instagram

Saiba mais: por meio de uma busca reversa de imagens (aprenda aqui como fazer), o Estadão Verifica localizou a mesma gravação no canal do jornal argentino La Capital, de Mar del Plata, no YouTube, em 20 de abril de 2017. A descrição do vídeo afirma que leitores enviaram um “vídeo inédito da repressão na Venezuela”. O vídeo também foi encontrado em publicações no X (antigo Twitter) em datas similares.

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À época, as ruas da Venezuela foram tomadas por manifestações contra Maduro ao longo de vários meses. De acordo com informações da BBC, os líderes da oposição pediam a realização de eleições presidenciais antecipadas e a libertação dos políticos presos desde que o ditador assumiu o poder.

A onda de protestos naquele ano foi marcada por repressão policial e tumultos violentos. No início de maio, o Ministério Público já havia contabilizado mais de 30 mortos e 700 feridos. Em julho, com quatro meses de mobilização, o número de mortos passava de 100.

Protestos eclodem na Venezuela após eleição

Manifestantes foram às ruas após o CNE, aparelhado pelo regime chavista, declarar Maduro vencedor das eleições presidenciais do país. A oposição afirma ter provas de que houve fraude eleitoral.

As manifestações resultaram em mortes e feridos. A ditadura de Maduro prendeu Freddy Superlano, um dos líderes da oposição no país vizinho. As informações foram fornecidas por seu partido, o Voluntad Popular (VP), que faz parte da coalizão oposicionista Plataforma Unitária, de María Corina Machado.

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Nesta terça-feira, 30, o Centro Carter, um dos principais observadores internacionais do processo eleitoral no mundo, afirmou que não pode verificar os resultados das eleições na Venezuela e apontou para uma “ausência de transparência”. A organização também alegou que a eleição “não obedeceu aos parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e não pode ser considerada democrática”.

Esse boato também foi desmentido pela agência de checagem Maldita, da Espanha.

Como lidar com postagens do tipo: As eleições da Venezuela foram marcadas por relatos de intimidação e acusações de fraude pela oposição. Neste contexto, postagens passaram a compartilhar informações não confirmadas sobre o pleito nas redes sociais. Tenha cautela antes de confiar em publicações e pesquise por reportagens na imprensa profissional e iniciativas de checagem. Veja abaixo mais checagens do Estadão Verifica sobre o tema.

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CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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