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Países com voto impresso já elegeram presidentes de esquerda, ao contrário do que sugere post

Publicação cita nações governadas atualmente pela direita e atribui vitória democrática ao sistema de votação; peça impulsiona tese falsa de fraude eleitoral nas urnas eletrônicas

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O que estão compartilhando: que países que fizeram a eleição com cédula de papel ou urnas com voto impresso, como Paraguai, Uruguai, Equador e Argentina, tiveram derrota da esquerda.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A postagem omite que os países mencionados já foram presididos por líderes de esquerda, eleitos pelos mesmos sistemas que utilizam o voto impresso. A peça desinformativa levanta dúvidas sobre a urna eletrônica brasileira, que é segura e confiável.

Países com voto impresso já elegeram presidentes de esquerda, ao contrário do que sugere post Foto: Reprodução/WhatsApp

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Saiba mais: uma imagem que circula no WhatsApp alega que a esquerda perdeu em “todos países que fizeram eleições com cédula de papel, ou urnas com voto impresso e contagem pública de votos”. Em sequência, lista as seguintes nações: Paraguai, Uruguai, Equador e Argentina. Leitores solicitaram checagem deste conteúdo por meio do WhatsApp do Estadão Verifica, pelo número (11) 97683-7490.

Os países mencionados usam, de fato, sistemas com voto impresso, embora apresentem diferenças específicas entre si. De acordo com o Instituto Internacional Para a Democracia e a Assistência Social (IDEA Internacional), o Paraguai, Equador e Argentina usam urnas eletrônicas, juntamente com o voto impresso. Já o Uruguai utiliza apenas a votação impressa.

Líderes de esquerda já governaram países com sistema de votação impresso

A mensagem omite que esses países já elegeram presidentes de esquerda a partir do mesmo sistema de votação mencionado. No Paraguai, o conservador Partido Colorado governou o país a maior parte das últimas sete décadas, mas foi brevemente interrompido pelo governo do esquerdista Fernando Lugo (2008-2012).

O Uruguai também teve governantes de esquerda. José ‘Pepe’ Mujica (2010-2015), por exemplo, chefiou o país e é uma das principais figuras de esquerda da América Latina. O governo de Mujica foi antecedido e precedido por outro político de esquerda: Tabaré Vázquez (2005-2010, 2015-2020). Ambos pertenciam à Frente Ampla.

No Equador, o político Lenín Moreno (2017-2021) tomou posse como presidente em 2017. Como mostrou o Estadão, Moreno, que pertencia à Aliança País, tinha objetivo de fazer avançar o modelo de esquerda conhecido como socialismo do século 21, seguindo o rastro do seu antecessor, o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017).

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Por fim, a Argentina teve diversas lideranças alinhadas à esquerda. O caso mais recente foi o ex-presidente peronista Alberto Fernández (2019-2023). Fernández já alegou se sentir “um liberal de esquerda, um liberal progressista”. Vale ressaltar ainda o casal Kirchner (Néstor Kirchner 2003-2007; Cristina Kirchner 2007-2015), que configurou o “kirchnerismo”, movimento político baseado em ideias populistas de esquerda.

O que há em comum em todos esses países é que, atualmente, eles são governados por políticos alinhados à direita. No Paraguai, quem preside hoje é Santiago Peña. No Uruguai, o chefe de Estado é Luis Lacalle Pou. O presidente do Equador é Daniel Noboa. A Argentina, por fim, tem a Presidência ocupada por Javier Milei.

Além dos países mencionados pela mensagem, existem outros casos que mostram que presidentes de esquerda chefiam nações que utilizam voto impresso. O Chile é um exemplo. O IDEA Internacional mostra que o voto eletrônico não é usado no país, que atualmente é governado pelo esquerdista Gabriel Boric.

Mensagem impulsiona teses falsas de fraude eleitoral no Brasil

A peça verificada exalta o método impresso para levantar dúvidas sobre o funcionamento das urnas eletrônicas no Brasil. Uma das teses apontadas por defensores do voto impresso é que o sistema eletrônico não seria auditável, o que não é verdade.

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostrou diferentes vezes que todas as etapas do processo eleitoral do Brasil são auditáveis. O tribunal organiza procedimentos que asseguram a confiabilidade e segurança das urnas eletrônicas. O Estadão Verifica checou outros boatos envolvendo o sistema eleitoral do País (leia aqui).

Como lidar com postagens do tipo: a peça verificada engana sobre um assunto que constantemente é alvo de desinformação nas redes sociais: as urnas eletrônicas. Neste caso, há diversas agências de checagem que desmentem boatos relacionados ao sistema de votação brasileiro. É importante pesquisar antes de disseminar uma informação enganosa e imprecisa.

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