Complexo fechado desde 2013 deve reabrir no âmbito das comemorações do bicentenário da Independência. Veja o que mudou no local que simboliza a data histórica
Quando reabrir as portas ao grande público, totalmente restaurado, com novos espaços e exposições feitas com roupagem contemporânea, o Museu do Ipiranga não estará apenas celebrando o bicentenário da Independência do Brasil.
Porque se a data corre o risco de ser apropriada no contexto eleitoral, a instituição de quase 130 anos é sólida, permanente. Sua importância transcende o momento atual. E, modernizado, o velho museu deve atrair mais ainda do que os 300 mil visitantes que circulavam pelo seu interior antes do fechamento, ocorrido em 2013.
Ampliado, o Museu do Ipiranga vai retomar o lugar que ele conquistou ao longo do século 20: um símbolo da história brasileira, um espaço de entretenimento cultural que pertence não a uma instituição – no caso, a Universidade de São Paulo (USP) –, mas a todo o imaginário nacional.
O Estadão sempre teve um olhar atento para o museu - o jornal já existia em sua fundação, em 1895, e acompanhou de perto todos os principais momentos de sua história, o que inclui sua degradação.
Em 2012, menos de um ano antes da recente interdição, o Estadão revelou problemas sérios que acometiam o edifício-sede e acompanhou cada passo seguinte, do fechamento às análises diagnósticas.
A nossa reportagem estará na reabertura do Museu do Ipiranga. Antes, apresentamos aqui, neste especial, os principais pontos do museu que você vai encontrar a partir de 7 de setembro de 2022.
Cronologia
Entenda a trajetória do museu desde a sua concepção como monumento no século 19 à transformação como entidade de pesquisa gerida pela Universidade de São Paulo (USP).
Um ano após a proclamação da Independência, a Assembleia Constituinte discutiu a proposta de erguer “no lugar denominado Piranga” um monumento em referência ao episódio.
O local foi demarcado e recebeu a pedra fundamental, em evento cívico.
Foi criada a primeira comissão para a construção do monumento. Ao longo das décadas seguintes, muitas idas e vindas e nada concreto.
O engenheiro italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi (1844-1915) foi contratado para projetar o edifício-monumento.
As obras foram iniciadas.
Depois da decisão do governo republicano de dar uma “utilidade” ao edifício-monumento, o Museu Paulista foi instituído. Passaria a ocupar o monumento dois anos mais tarde, em 1895.
O Museu Paulista foi oficialmente inaugurado. No primeiro ano, recebeu 40 mil visitantes.
Foi inaugurada a primeira versão do jardim, projetado pelo paisagista belga Arsenius Puttemans (1873-1937).
Ficou fechado ao público pela primeira vez. As obras visavam a prepará-lo para o primeiro centenário da Independência.
Novamente foi interditado para obras, desta vez por dois anos.
O museu ficou fechado ao público mais uma vez, para reforma.
A Universidade de São Paulo passou a administrar o museu — que passou novamente um período fechado para restauro antes de reabrir sob nova direção.
O museu foi tombado pelo Condephaat, o órgão estadual de proteção ao patrimônio.
O complexo passou a ser também protegido pelo Conpresp, o órgão municipal de preservação do patrimônio.
Depois de dois anos em que fragmentos começaram a cair do teto do edifício, o museu passou por novas obras de recuperação — mas sem fechar suas portas ao público.
O Iphan, órgão nacional de proteção ao patrimônio, tombou o complexo.
Observando os problemas do edifício centenário, a administração do museu passou a estudar formas viáveis de restauro e ampliação dos espaços.
Pedaços de reboco da fachada estavam caindo e o forro de um dos salões havia cedido mais de 10 centímetros.
Após um laudo indicar risco de queda de forros, a instituição, que recebia 300 mil visitantes por ano, fechou suas portas.
Foi anunciado o escritório H+F Arquitetos com o vencedor de concurso de obras para a recuperação do edifício.
Finalmente as obras começaram.
O museu deve ser reinaugurado em meio às celebrações do bicentenário da Independência.
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