Equipe mais tradicional do mundo alcança feito histórico com trajetória vitoriosa
A cor vermelha e o símbolo do cavalo rampante são sinônimos de vitórias e de uma legião de fãs. Enquanto pelo mundo afora milhares de pessoas apoiam pilotos, a Ferrari cativa uma torcida pela própria equipe, nos moldes dos times de futebol. Os tifosi, como são chamados, costumam lotar autódromos com bandeiras e a expectativa de torcer pelo carro, e não pelo competidor.
Essa relação de amor tão diferente é uma das responsáveis por fazer da equipe uma espécie de mito na Fórmula 1. Todos os pilotos sonham um dia vestir o macacão vermelho da escuderia de Maranello e repetir os feitos de uma série de lendas: Alberto Ascari, Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher foram alguns dos responsáveis por construir essa trajetória.
Criada em 1929 por Enzo Ferrari, a equipe italiana participou de diversas competições de automobilismo pelos anos seguintes até topar a aventura de participar da primeira temporada da Fórmula 1, em 1950. Apesar de não ter conseguido se inscrever para a etapa inaugural, em Silverstone, a Ferrari alinhou os seus carros na etapa seguinte, em Mônaco, com três competidores: Raymond Sommer, Luigi Villoresi e Alberto Ascari, que terminou a corrida em segundo lugar.
A experiência em competir e a excelência nos carros logo fizeram a Ferrari despontar como uma das grandes da Fórmula 1. Em 1952, com Alberto Ascari, veio o primeiro título mundial. Dali em diante, a escuderia não pararia de vencer. Em 13 campeonatos entre 1952 e 1964, foram seis títulos e 36 vitórias.
A Ferrari viveu um declínio no fim dos anos 1960. O proprietário, Enzo Ferrari, comandou uma reestruturação na equipe e conseguiu recolocar o time entre os melhores. O processo foi longo e teve, inclusive, o vexame de a escuderia não conseguir se classificar para duas corridas em 1973. Mas logo a Ferrari voltou a ser vitoriosa e fechou a década com três conquistas graças a Niki Lauda e Jody Scheckter.
A década de 1980 foi muito difícil para a Ferrari. Em 1982, a escuderia perdeu os dois pilotos titulares: Gilles Villeneuve morreu em um acidente na Bélgica e Didier Pironi nunca mais voltou a correr após batida na Alemanha. Apesar de a escuderia ter sido campeã de construtores em duas ocasiões, viu McLaren e Williams se desenvolverem e dominarem a categoria.
No início dos anos 1990, a Ferrari apostou em Alain Prost, Nigel Mansell e Jean Alesi para liderar um projeto capaz de devolver à escuderia os títulos de pilotos. Nada feito. Mesmo com a chegada do então bicampeão mundial Michael Schumacher em 1996, a equipe teria de esperar. A paciência com a reestruturação do time e o desenvolvimento do carro dariam resultado em breve.
A Ferrari voltou a ser a grande equipe da Fórmula 1 nos anos 2000 e construiu um período hegemônico na categoria. Foram cinco títulos mundiais consecutivos de Michael Schumacher de 2000 a 2004, fora outro de Kimi Raikkonen em 2007 e um vice-campeonato com Felipe Massa, em 2008. A escuderia voltou a ser temida e até certo ponto odiada pelas rivais, tanto pelo poderio como por decisões um tanto polêmicas sobre inversão de posições dos pilotos em corridas.
A última década foi muito dura para os italianos. Se entre 2010 e 2013 a Red Bull dominou a categoria, de 2014 para cá o posto de número 1 é da Mercedes. A Ferrari bem que tentou recuperar terreno com nomes como Fernando Alonso, Sebastian Vettel e até o retorno de Kimi Raikkonen, porém tem acumulado decepções. Pelo menos o futuro parece ser promissor, já que o projeto estabelecido de uma academia para desenvolvimento de pilotos começa a revelar grandes nomes. O monegasco Charles Leclerc é um deles.
Com 15 títulos de pilotos conquistados na história, a escuderia italiana possibilitou que, a partir dos grandes carros desenvolvidos, vários nomes conseguissem se tornar imortalizados. Michael Schumacher ganhou cinco campeonatos seguintes graças à tecnologia italiana, além de, no passado, antigos heróis como Juan Manuel Fangio e Niki Lauda terem dominado a modalidade a bordo dos modelos desenvolvidos em Maranello.
O Brasil conseguiu colocar dois representantes na principal equipe da Fórmula 1. Entre 2000 e 2013, Rubens Barrichello e Felipe Massa atuaram na escuderia italiana e conquistaram, juntos, 20 vitórias e 26 pole positions.
Barrichello desembarcou na escuderia em 2000 após boa temporada pela Stewart no ano anterior. Junto com o alemão Michael Schumacher, vivenciou a era mais vitoriosa da equipe. Foi vice nos Mundiais de 2002 e 2004, mas deixou a escuderia insatisfeito com o tratamento de prioridade dado a Schumacher.
Quem entrou na vaga dele para a temporada 2006 foi Massa. Destaque na Sauber, o então jovem de 25 anos ganhou duas provas em seu primeiro ano e, se tivesse somado um ponto a mais, teria sido campeão em 2008. No fim de 2013, decidiu ir para Williams em busca de mudar de ares.
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