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Preço afasta muita gente do seguro

Tião Oliveira

25 de outubro de 2018 | 18h39


Um dos principais motivos que afastam os donos de veículos da contratação de um seguro é o preço. Levantamento feito no início de outubro pela Bidu, startup da área de seguros e produtos financeiros, aponta que o valor do seguro para os dez carros mais vendidos no Brasil em setembro subiu, em média, 46% em relação às cotações feitas no mês anterior. A pesquisa foi realizada nas cidades de São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Rio de Janeiro e considerou o mesmo perfil hipotético para homens e mulheres que estivessem contratando o seguro pela primeira vez: 35 anos, casad(a)o, sem filhos e com garagem em casa e no local de trabalho. Os resultados são surpreendentes.

Desde junho o mercado apresentava queda constante do valor das apólices, mas em setembro o jogo virou e os preços explodiram. No sexto mês do ano, a maior alta foi registrada no Rio de Janeiro, onde o seguro dos dez carros mais vendidos custava em média R$ 4.452. Depois houve redução por dois meses consecutivos (julho e agosto), voltando a apresentar aumento em setembro. No mês passado, o destaque ficou com São Paulo, com R$ 3.396 de valor médio de seguro, o mais alto entre as capitais pesquisadas.


10%

é o desconto que motoristas de 18 a 24 anos clientes da Porto Seguro podem receber ao participar de dois cursos de direção disponíveis na plataforma da companhia


Pague só o necessário. A boa notícia é que há formas simples de reduzir o valor a pagar, sem abrir mão das coberturas mais importantes para cada tipo de perfil. Uma das mais comuns é aumentar o valor da franquia facultativa (participação do segurado no custo do reparo, por exemplo). Sócia da Bidu, Michele Alves lembra que práticas como sempre estacionar o carro em locais fechados, e instalar alarmes, rastreadores e bloqueadores ajudam a reduzir o risco e, portanto, o preço da apólice.

Outro ponto importante, mas que nem todo mundo dá bola, é em relação à distância contratada para o reboque. “Se você roda 50 quilômetros por mês, não precisa ter um guincho para 200 quilômetros, pois estará pagando por um serviço que não será utilizado e pode encarecer o valor do seguro”, afirma Michele.

Celular amigo. A telemetria é uma ferramenta que vem sendo utilizada por várias seguradoras. Não há magica: o segurado permite que a companhia verifique como ele está dirigindo e, em contrapartida, recebe descontos. Isso porque, em geral, o motorista tende a guiar de forma mais comedida quando sabe que está sendo vigiado.

O aplicativo Trânsito+gentil, da Porto Seguro, é um bom exemplo. Os motoristas que fazem o download e se cadastram no app ganham 3% de desconto tanto na contratação quanto na renovação do Seguro Auto. Da SulAmérica, o Auto.Vc tem a função de “conhecer o perfil do condutor e oferecer descontos na contratação ou renovação de seguros a partir da verificação de uma boa conduta no trânsito”, afirma o vice-presidente de Auto e Massificados da companhia, Eduardo Dal Ri. O bônus para o chamado “motorista seguro” pode chegar a R$ 400.

Condutores com idade entre 18 a 24 anos são os que pagam o seguro mais caro. Isso porque o número de sinistros envolvendo pessoas com esse perfil costuma figurar no topo dos gráficos de riscos das companhias. Para atrair a fatia desse público que dirige “de maneira consciente”, segundo informações da Porto Seguro, a companhia lhes oferece até 15% de desconto e outros 10% para os que participam dos dois cursos de técnicas de condução disponíveis na plataforma.

Além disso, segurados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Bahia que seguirem à risca as leis de trânsito e ficarem por um ano sem nenhum ponto na carteira de habilitação, recebem mais 7% de bônus. No total, o desconto para os motoristas de 18 a 24 anos clientes da seguradora pode chegar a 35%.

Se você roda 50 quilômetros por mês, não tem motivo para contratar um serviço de guincho de 200 quilômetros.
Michele Alves, Sócia da Bidu, startup da área de seguros e produtos financeiros

Faça a sua parte. Respeitar as leis de trânsito e dirigir com prudência reduz o risco de acidentes e, consequentemente, faz com que o segurado conquiste bônus maiores. Na Tokio Marine, a fidelidade também vale bônus: quanto mais tempo o segurado ficar na companhia, maior será o desconto.

“O próprio condutor pode avaliar os tipos de cobertura de que precisa e quanto ele se expõe a riscos”, afirma Saint’Clair Pereira Lima, diretor-técnico da Bradesco Auto/RE. De acordo com ele, o correto preenchimento do questionário de risco, necessário para quem quer adquirir qualquer tipo de apólice, é o primeiro passo para gerar um diferencial positivo na precificação.

Informar com precisão os dados do condutor principal, a média de quilometragem mensal rodada, CEP e fatores que reduzem o risco, como a existência de dispositivo de segurança no carro, são importantes direcionadores do valor a ser cobrado. A forma de contratação mais utilizada no mercado para seguros de veículos é na modalidade de valor de mercado, com base no preço médio de venda do modelo. Esse montante leva em consideração a combinação de uma série de fatores, como perfil do condutor, modelo e marca do veículo, região de circulação e facilidade de acesso a garagens, entre outros.

Há também opções de apólices para modelos mais antigos, como o Auto Popular, da Tokio Marine, e o Azul Auto Leve. O seguro da Azul é voltado para veículos com três anos ou mais de uso e importância segurada até R$ 60 mil. “Além disso, há a possibilidade de pagar em até dez vezes”, afirma o superintendente de negócios da companhia, Gilmar Pires.


Digital x pessoal

Empresas online facilitam contratação, mas há facilidades que só o corretor consegue oferecer

Igor Macário
Tião Oliveira

Corretoras online, como a Bidu e a Minuto Seguros, oferecem cotações de seguro pela internet e simplificam a contratação da apólice para o veículo. Basta preencher um formulário no site da empresa e aguardar a chegada de um e-mail com preços de diferentes seguradoras. A favor delas estão os preços geralmente menores. Em contrapartida, há facilidades que somente um profissional “de verdade” consegue providenciar.

As empresas online têm serviços de suporte por telefone, mas nenhuma delas envia um profissional para ajudar o cliente. Além disso, diferentemente do que ocorre com corretoras convencionais, cabe ao segurado entrar em contato diretamente com a companhia em caso de sinistro.

Nunca fiquei sem cobertura e eles resolvem tudo que eu preciso.
João Lucio de Oliveira, advogado e cliente da corretora Guimarães Seguros

O advogado João Lucio de Oliveira, morador da capital, não abre mão da corretora tradicional. As apólices de seus três carros são gerenciadas pela Guimarães Seguros. “Da última vez, bati na traseira de outro veículo.” Ele diz que o dano em seu Ford Fiesta foi pequeno, mas o do terceiro ficou bastante avariado. “A corretora cuidou de tudo. Só tive de passar o telefone do terceiro para eles.”

Oliveira afirma que nem sabe avaliar se o atendimento de sua seguradora é bom ou ruim. “O que importa é a corretora e a minha é muito boa. Nunca fiquei sem cobertura e eles resolvem tudo que eu preciso.”

Relação mais distante. A distância entre as formas de atendimento online e presencial fica evidente nas reclamações feitas por usuários em canais de atendimento ao consumidor. Embora as empresas se prontifiquem a responder todas as queixas, a maioria dos problemas está relacionada a falhas na comunicação com o cliente.

Há casos, por exemplo, em que as corretoras alegam não haver recebido documentos que teriam sido enviados pelos clientes, causando até o cancelamento de apólices sem que os proprietários soubessem. É o tipo de falha que dificilmente acontece quando o corretor é de carne e osso.


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