O problema
A rede municipal de São Paulo teve o maior aumento no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do País nos anos finais do ensino fundamental (6º a 9º ano), mas mesmo assim não atingiu a meta proposta para 2019. No ranking das capitais, liderado por Teresina, a cidade está em 10º lugar.
A capital paulistana tem a maior rede municipal do Brasil, com mais de 1 milhão de alunos, e enfrenta atualmente um impasse sobre volta às aulas presenciais por causa da pandemia do novo coronavírus. Nos anos iniciais (1º ao 5º), o Ideb da rede municipal ficou estagnado em 6,0, mas atingiu a meta. No entanto, ainda está muito longe de capitais como Teresina (7,4), Rio Branco, (6,7) e Palmas (6,6), cidades com orçamentos inferiores ao paulistano.
O Ideb leva em conta o resultado dos alunos em provas de Português e Matemática e ainda índices de aprovação e de evasão. No ensino fundamental 2, a nota de São Paulo nos anos finais cresceu 0,6, passando de 4,2 para 4,8. O mesmo aumento só foi registrado no Recife.
Com o acesso à rede praticamente resolvido - a fila de creches vem sendo reduzida a cada gestão -, o foco na aprendizagem torna-se o maior gargalo da cidade a ser enfrentado pelo próximo governo.
As soluções
Olavo Nogueira Filho
diretor-executivo do movimento Todos pela Educação
Uma estratégia consistente para enfrentar o desafio de melhorar a aprendizagem com redução de desigualdades – tema que merece redobrada atenção dados os efeitos da pandemia – deve se ancorar em três ideias-força.
Primeiro: fugir da busca por uma solução mágica. Em sistemas complexos, como o da educação, resultados substanciais surgem quando medidas estruturantes são avançadas simultaneamente e de maneira articulada. Mesmo quando bem formuladas isoladamente, o disparo de ações descoordenadas confunde as escolas e mina a efetividade de uma ação a nível de rede.
Segundo: engajar os atores implementadores. Uma visão sistêmica, por si só, não é suficiente. Melhorias significativas em escala se efetivam e se sustentam ao longo do tempo quando há considerável apropriação da agenda pelos professores. Não se trata aqui de assembleísmo, mas de engajar quem, de fato, implementa a política educacional.
Melhorias significativas em escala se efetivam e se sustentam ao longo do tempo quando há considerável apropriação da agenda pelos professores.”
E terceiro: investir mais e melhor nas escolas com pior desempenho. Para reduzir a desigualdade é preciso um esforço intencional. Em cenários mais desafiadores são necessárias ações que deem ainda mais ênfase à gestão escolar e que estimulem a ação coletiva dos professores em torno de um projeto de escola, com alto grau de contextualização à realidade local e apoio vigoroso das instâncias regionais.
Nas últimas décadas, São Paulo intercalou momentos de muita consistência com períodos menos virtuosos. Urge fazer do acerto uma constante.