Na noite de domingo (28), o Brasil conheceu oficialmente seu 38º Presidente, Jair Bolsonaro (PSL). O militar reformado liderou com 53% dos votos contra 44% do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).
Em uma eleição bastante acirrada, o comparativo entre segundos turnos de 2014 e 2018 mostra um cenário sem muitas diferenças no padrão de votação, e em algumas regiões há reforço de hegemonia partidária. A disputa de 2018, mesmo com novos personagens, pode ser vista como uma continuidade da polarização que já existia desde a disputa entre Lula (PT) e Alckmin (PSDB) em 2006, como mostra o mapa de votos abaixo.
Em 2014, Dilma e Aécio disputaram a eleição mais apertada da História. O tucano Aécio Neves apresentou melhor desempenho no Centro-Sul do País e em grandes cidades, enquanto a petista Dilma Rousseff teve forte presença no interior e dominou no Norte e Nordeste.
Com Bolsonaro e Haddad, o cenário manteve o padrão histórico, mas dessa vez o ponto de equilíbrio foi deslocado devido ao avanço do bolsonarismo em cidades e Estados que pendiam para o lado petista ou que tinham votação equilibrada.
Amazonas, Amapá e Tocantins, tradicionalmente vermelhos, passaram para o lado de Bolsonaro. Minas e Rio, respectivamente segundo e terceiro maior colégio eleitoral do país, também votaram com o militar. Desde a redemocratização, todos os Presidentes da República que venceram em Minas foram eleitos – o resultado no Estado costuma espelhar o resultado do país.
No Norte, destacam-se as mudanças em Amazonas e Roraima.
Esse último que tem apenas 16 cidades, concentrava dez municípios petistas em 2014. Dessa vez, 13 delas votaram em Jair Bolsonaro e três em Haddad. O Estado enfrenta uma crise com a entrada de refugiados vindos da Venezuela. Nesta eleição, a maioria dos municípios da fronteira escolheu o militar. Quando ainda era candidato, Bolsonaro afirmou em entrevista ao Estadão que criará um campo para refugiados na região.
No Amazonas, agora existe uma polarização entre Manaus, a capital bolsonarista, e o interior petista.
Quando se comparam os resultados dos dois turnos, a principal mudança ocorreu na consolidação dos territórios de cada candidato. Nos mapas, quanto mais escura a cor, melhor o desempenho de cada um no município.
O presidente eleito dominou no Centro-Oeste, Sudeste e no Sul, tomando o protagonismo que historicamente pertenceu ao PSDB. De um turno para o outro, Bolsonaro ainda virou duas cidades onde o PT havia vencido, seis delas no maior colégio, São Paulo. Além disso consolidou posição no Norte, ao virar três Estados e transformar o Acre no reduto mais fiel do bolsonarismo. Esse posto foi de Santa Catarina no 1º turno.
Haddad, que já possuía hegemonia no Nordeste, acirrou o petismo de seus territórios e aumentou sua votação ao herdar os votos do terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT). No território adversário, houve ainda a virada de 120 municípios bolsonaristas para Haddad. A maioria deles são pequenos e estão localizados, principalmente em Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul.
Os gráficos acima destacam o padrão nas disputas passadas à Presidência dominadas por PT e PSDB. Até 2002, o presidente eleito tinha seus votos bem distribuídos em todo o País, como aconteceu com FHC e Lula. A partir de 2006, é estabelecida uma divergência geográfica que se mantém intacta até hoje, mesmo com Bolsonaro tomando o lugar que pertenceu aos candidatos tucanos.