TÓQUIO - A líder do Partido Democrático do Japão (PD), Renho Murata, apresentou nesta quinta-feira, 27, sua renúncia em razão dos maus resultados alcançados nas eleições regionais de Tóquio. A decisão acontece em um momento em que o governo de Shinzo Abe atravessa uma grave crise.
Renho, de 49 anos, se tornou em setembro a primeira mulher a liderar a oposição em um país caracterizado pela escassa presença feminina na política. Entretanto, ela não ficou nem um ano no cargo e não soube aproveitar o desgaste do governista Partido Liberal Democrata (PLD).
"Acredito que o melhor a fazer é dar um passo atrás e abrir caminho para uma nova liderança", disse Renho, em uma entrevista coletiva em Tóquio. Nas eleições regionais da cidade, realizadas em junho, o partido da política conquistou 5 cadeiras do total de 127, um recorde negativo histórico.
"Nestas eleições, percebi que faltava alguma coisa. A minha capacidade de liderança foi insuficiente", disse a ex-modelo e jornalista, que não conseguiu recuperar a credibilidade de um partido muito fragilizado.
Apesar da popularidade, Renho - que já foi considerada uma personagem emergente da política japonesa -, foi incapaz de tirar proveito da crise que atravessa o partido de Abe, ao contrário da governadora de Tóquio, Yuriko Koike, cujo novo partido venceu as eleições regionais da capital.
Renho teve de enfrentar diversas críticas desde antes de sua eleição, pois seu pai nasceu no Taiwan e, mesmo ela tendo nascido no Japão, não adquiriu a nacionalidade até os 17 anos. A política foi obrigada a reconhecer, após ter negado de início, que possui dupla nacionalidade, algo que não é recomendado pela autoridades japonesas.
Sua saída do cargo acontece no mesmo dia em que o governo apresentou a renúncia do chefe das Forças terrestres de Auto Defesa (Exército), o general Toshiya Okabe, em razão de um escândalo de ocultação de informações sobre a missão das tropas japonesas no Sudão do Sul, considerado um novo revés para Shinzo Abe. / EFE
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