Mais de 10 mil civis morreram em Mariupol durante a guerra, afirma prefeito

Número de mortos pode ultrapassar 20 mil com cadáveres que “formaram um tapete nas ruas”, diz Vadim Boichenko, prefeito de Mariupol; cerca de 100 mil civis permanecem na cidade

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Por Redação
Atualização:

O prefeito da cidade portuária ucraniana de Mariupol disse nesta segunda-feira, 11, que mais de 10 mil civis morreram no cerco russo da cidade, e que o número de mortos pode ultrapassar 20 mil, com cadáveres que “formaram um tapete nas ruas”. A cidade possuía 400 mil habitantes antes da guerra e, até o momento, cerca de 100 mil permanecem.

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Em entrevista à Associated Press, o prefeito, Vadim Boichenko, também afirmou que os russos levaram equipamentos móveis de cremação à cidade para descartar os corpos. Além disso, ele voltou a afirmar que as forças russas se recusaram a permitir a entrada de comboios humanitários na cidade, na tentativa de esconder o massacre.

Os comentários do prefeito foram feitos no momento em que Denis Pushilin, líder dos separatistas pró-Rússia na região de Donetsk, no Donbas, porção leste do território da Ucrânia, afirmou que o grupo agora detém controle do porto de Mariupol. A declaração foi dada à agência de notícias russa RIA, mas não pôde ser confirmada de maneira independente.

Membros do exército russo durante inspeção em ruas de Mariupol, em imagem feita no dia 7 de abril Foto: Alexander Ermochenko / Reuters

Bombardeada há semanas, a cidade no sul do país é estratégica para Moscou por ser parte importante da construção de uma ponte terrestre ligando a península da Crimeia ao leste russo da Ucrânia.

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Na semana passada, a Rússia afirmou que havia derrotado o exército ucraniano na cidade, mas a Ucrânia negou e disse que os combatentes resistem até o momento.

Com a resistência em Mariupol, há o temor de que os russos utilizem munições de fósforo para tomar o poder. Esse alerta foi feito pelo Ministério da Defesa do Reino Unido, que apontou para o uso anterior de tais armas pelos russos na região de Donetsk. Em resposta, a Rússia disse que “nunca violou convenções internacionais”.

Mariupol é palco de algumas das principais tentativas de retiradas de civis desde o início do conflito no Leste Europeu. Autoridades locais relatam que a maior parte dos edifícios e da infraestrutura da cidade portuária foi destruída.

Avanço no leste

A Rússia voltou a atacar a Ucrânia neste final de semana em mais uma ofensiva para destruir as defesas ucranianas e tomar o leste do país. Segundo o próprio governo de Vladimir Putin, vários equipamentos de defesa aérea da Ucrânia foram destruídos, no que parece ser um novo esforço, antes de seguir para o leste, para ganhar superioridade aérea e excluir armas vistas como cruciais para a resistência.

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Com sua ofensiva em muitas partes do país frustrada, as forças russas confiam cada vez mais no bombardeio de cidades para tomar áreas que ainda não controla na região de Donbas e solidificar seu domínio na região costeira do sul, de Kherson a Mariupol. Na sexta-feira passada, 8, uma estação de trem foi bombardeada na cidade de Kramatorsk, no leste, e ao menos 57 pessoas morreram.

Um aeroporto na cidade central de Dnipro também foi bombardeado; e, na cidade de Kharkiv, mais de 60 ataques foram registrados no fim de semana. Todas estas são vistas como cidades-chave para a estratégia da Rússia.

Em Izium, na região de Kharkiv, autoridades militares e locais da Ucrânia dizem que a Rússia montou o principal ponto de preparação e lançamento militar para o ataque ao que resta do território ucraniano na região. Izium pode servir de eixo para essas tropas por ficar no nordeste, entre Donbas e Mariupol, e a leste de Dnipro. /AFP, AP

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