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43º dia de guerra: Revés diplomático isola ainda mais a Rússia, enquanto Ucrânia pede mais armas

No campo de guerra, os dois lados deram declarações conflitantes sobre a massacrada cidade de Mariupol

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Por Redação

Um grande revés diplomático para isolar ainda mais a Rússia marcou este 43º dia da guerra na Ucrânia. A Assembleia Geral da ONU suspendeu a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da organização, uma votação na qual o Brasil se absteve.

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A Rússia chamou a medida de “uma tentativa dos EUA de manter sua dominação e controle total” e de “usar o colonialismo dos direitos humanos nas relações internacionais”.

A decisão, de caráter mais simbólico do que prático, reforça o apoio internacional à Ucrânia, que continua pedindo ajuda militar para sua luta contra os russos. Em uma reunião da Otan em Bruxelas nesta quinta-feira, o chanceler ucraniano deixou bem claro o querem os ucranianos: “Armas, armas, armas”.

Painel da votação que suspendeu a Rússia do Conselho de Direitos Humanos, em 7 de abril  

No campo de guerra, os dois lados deram declarações conflitantes sobre a massacrada cidade de Mariupol, sob ataque e cerco das tropas russas há semanas. O lado ucraniano diz que resiste, ainda que com dificuldades. O lado pró-Rússia afirma que não há mais soldados da Ucrânia no centro e que eles controlam agora apenas pontos específicos da cidade. Segundo o prefeito, mais de 5 mil já morreram na cidade.

Ainda no leste, onde o governo ucraniano espera que a Rússia direcione toda sua ofensiva, autoridades locais reiteraram aos moradores para que deixem a região, como fizeram no dia anterior. Segundo elas, os próximos dias representarão a ‘última chance’ de fugir antes que a Rússia comece a atacar.

Isolamento diplomático

A Assembleia Geral das Nações Unidas votou nesta quinta-feira, 7, para suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da organização como punição pela invasão da Ucrânia. Dos 193 membros, 93 votaram a favor da suspensão, enquanto 24 votaram contra e 58, entre eles o Brasil, se abstiveram.

A suspensão do conselho, com sede em Genebra, é um grande revés diplomático para a Rússia. A resolução para suspender o país precisava de uma maioria de dois terços dos votos expressos, com as abstenções não contando como votos, e é vista como uma medida da aversão do mundo pelas aparentes atrocidades cometidas na Ucrânia.

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Reforço militar

Em Bruxelas, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse em um encontro com aliados na Otan que defenderia três pontos: “armas, armas e armas”. “Minha agenda é muito simples, há apenas três itens: armas, armas e armas”, disse ele ao chegar à sede da Aliança Atlântica.

O chanceler ucraniano Dmitro Kuleba fala com a imprensa em Bruxelas  Foto: FRANCOIS WALSCHAERTS

O chefe da diplomacia ucraniana disse que “a melhor maneira de ajudar a Ucrânia agora é fornecer tudo o que for preciso para conter o presidente Vladimir Putin e derrotar o Exército russo na Ucrânia, de tal forma que a guerra não aumente mais”.

Guerra de narrativas

Sobre os combates, autoridades ucranianas e russas deram declarações conflitantes sobre a situação de Mariupol, que está sob o ataque e o cerco de tropas russas há semanas. Segundo um conselheiro da presidência ucraniana, Alexei Arestovich, as forças ucranianas na cidade continuam resistindo com dificuldades, e a Rússia “renovou os ataques”.

Por outro lado, Eduard Basurin, porta-voz da autodeclarada República Popular de Donetsk, pró-Moscou, afirmou que as forças ucranianas foram retiradas do centro. Ele disse que a maioria dos combates militares chegaram ao fim, mas que há alguns pontos de resistência dentro e ao redor da cidade.

‘Última chance’

Ainda na região, as autoridades ucranianas advertiram os civis do leste que os próximos dias representarão a “última chance” de fugir, antes que a Rússia inicie uma grande ofensiva. “Os próximos dias são, talvez, a última oportunidade de fugir”, afirmou no Facebook o governador Sergui Gaidai, ao informar que os russos “estão cortando todas as vias possíveis de saída”.

Ucranianos deslocados pela guerra chegam a um centro de acolhida em Zaporizhzhia, a cerca de 200 km de Mariupol  Foto: Bulent Kilic/AFP

“Não hesitem em partir”, insistiu, depois de escrever no aplicativo Telegram que as autoridades “não permitirão uma segunda Mariupol”, se referindo à cidade massacrada pelos russos.

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