Entre os dias 10 de fevereiro e 9 de março, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu uma série de declarações enganosas sobre a epidemia do coronavírus, que já atingiu mais de 1.500 americanos e causou ao menos 39 mortes no país. De acordo com o canal CNN, o presidente e sua equipe deram ao menos 28 declarações enganosas em um mês. Confira as cinco principais.
Testes acessíveis
No dia 6 de março, Trump afirmou: “Qualquer pessoa que quiser fazer um teste (de coronavírus) pode fazer um teste. Isso é o que importa”.
Mas o cenário é bem diferente. No início de março, a própria Casa Branca admitiu que os EUA não têm kits de testes suficientes. Além disso, o teste só pode ser solicitado caso um médico ou funcionário de saúde pública o prescreva.
O país realizou muito menos testes que outros – uma média de 26 testes a cada milhão de pessoas, entre os dias 3 de janeiro e 11 de março. A título de comparação, a Coreia do Sul fez em média 4 mil testes a cada milhão de pessoas; o Reino Unido, 400; e a Itália, mil. Especialistas em saúde temem que o vírus se espalhe sem ser detectado no País precisamente porque poucos testes foram realizados.
Vacina a caminho
No dia seguinte, 7 de março, Trump foi otimista em relação ao desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus. “Logo logo, nós teremos uma”, disse.
No momento, não há nenhuma vacina que combata o coronavírus. Cientistas estão trabalhando para desenvolver uma e alguns testes em animais já foram iniciados.
Mas, em uma previsão realista, especialistas estimam que dificilmente ela ficará pronta antes do segundo semestre de 2021. O médico Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia dos EUA, havia dito ao presidente que a criação de uma vacina levaria de um ano a um ano e meio, no mínimo.
A 'recente' chegada do vírus
No dia 5 de março, Trump afirmou, em programa da Fox News, que o coronavírus havia chegado aos Estados Unidos há apenas três semanas. "Fomos atingidos pelo vírus há três semanas, se você parar para pensar. Foi quando começamos realmente a ver alguns dos efeitos possíveis”.
O primeiro caso confirmado dos EUA, no entanto, foi registrado no dia 21 de janeiro, mais de seis semanas antes da declaração de Trump.
Melhora na Itália
Em 6 de março,Trump afirmou, após uma visita ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta, ter escutado que a situação na Itália estava melhorando. “Tenho escutado que os números estão ficando muito melhores nesses lugares. Ouvi dizer que os números estão melhorando muito na China, e estão melhorando muito na Itália”. Na realidade, o número de casos confirmados e de mortes continuava aumentando no país. No sábado, 7, a Itália tinha 5.883 casos e 233 mortes; na segunda, 9, eram 9.172 casos e 463 mortes.
Sob controle
No dia 24 de fevereiro, Trump twittou, sem dar mais detalhes, que “o coronavírus está muito sob controle nos Estados Unidos”.
A declaração é subjetiva, mas, de lá para cá, o cenário ficou muito pior. No dia em que o presidente americano publicou o tweet, haviam 53 casos confirmados e nenhuma morte; no dia 12 de março, a contagem era de 1500 casos e 39 mortes no País.
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