O novo primeiro-ministro canadense, Mark Carney, anunciou, nesta quinta-feira, 27, que vai conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em “um dia ou dois” a pedido do chefe da Casa Branca, e assinalou que seu vizinho não é mais um “parceiro confiável”.
“A antiga relação que tínhamos com os Estados Unidos, baseada na integração profunda das nossas economias e em uma cooperação estreita nos temas de segurança e defesa, acabou”, disse Carney durante uma coletiva de imprensa.

Na quarta-feira, o presidente republicano anunciou o plano de impor tarifas alfandegárias de 25% à importação de veículos, independentemente do país de procedência. O governo Trump já impôs tarifas sobre o aço e o alumínio que entram no país. Mais de 75% das exportações do Canadá vão para os EUA.
Os automóveis são a segunda maior exportação do Canadá, e o setor emprega diretamente 125 mil canadenses, além de quase outros 500 mil em indústrias relacionadas. Carney anunciou nesta semana um “fundo de resposta estratégica” de 2 bilhões de dólares canadenses (US$ 1,4 bilhão de dólares) para proteger os empregos do setor automotivo afetados pelas tarifas de Trump.
“Eu me oponho a qualquer tentativa de enfraquecer o Canadá, de nos dividir para que os Estados Unidos possam nos dominar. Isso nunca vai acontecer”, declarou Carney, com a promessa de contra-atacar as iniciativas comerciais do vizinho do sul.
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“Vamos combater as tarifas americanas com ações comerciais de represália que terão o máximo impacto nos Estados Unidos e o mínimo aqui”, acrescentou Carney, que presidiu o Banco Central canadense.
O canadense, que não falou com Trump desde que se tornou o novo líder do Canadá há quase duas semanas, afirmou que o presidente dos EUA entrou em contato na noite de quarta-feira para agendar uma ligação.
“Falaremos em breve, certamente nos próximos um ou dois dias”, disse Carney, acrescentando que Trump precisa respeitar a soberania do Canadá. “Isso não é pedir muito, mas, aparentemente, é demais para ele.”/AFP e AP.