Com Brexit e eleições na França, Alemanha, Holanda e possivelmente Itália, 2017 parece ser o ano de todos os riscos, não? É isso, sem exageros. As eleições nacionais serão marcadas pela presença dos populistas. Pela primeira vez depois da criação da União Europeia, os riscos estarão concentrados em um ano.
Desta vez o risco não é econômico, como na crise da zona do euro, mas político? Sim. A crise da Grécia foi muito perigosa, mas não desmantelaria a UE porque era um evento econômico que envolvia decisões políticas. A Alemanha teria de ter tomado a decisão política de acabar com o apoio à Grécia e ela jamais o faria. Já o Brexit é uma decisão política. Houve a escolha de realizar a votação, mas a seguir a decisão foi da população. Londres fez de tudo para enfurecer os europeus. Não foi muito estratégico. Fizeram isso para agradar aos eleitores no interior do país.
O governo May não parece buscar conciliação com a UE... O Reino Unido terá de fato de sair do mercado único e isso é inacreditável. O impacto econômico e os problemas práticos serão enormes. Os britânicos terão de voltar atrás em mais de 30 anos de legislações comuns. É necessário renegociar um acordo de livre-comércio com a UE, que será próximo ao atual. Mas o Reino Unido não terá pessoal competente e experiente, já que as negociações desse tipo eram competência de Bruxelas.
Sete meses depois, Brexit quer dizer incerteza? Sim. A certeza que temos é de que a incerteza tem um impacto negativo sobre os negócios.
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