De uma cela no Complexo Penitenciário de Bangu, na zona metropolitana do Rio, o preso Jhonathan Sentinelli Ramos, de 23 anos, se comunicava com outros acusados de formar uma organização criminosa e promover o grupo terrorista Estado Islâmico no Brasil. Vídeos com cenas de violência associadas ao EI foram enviados a um jovem de 20 anos diagnosticado com esquizofrenia, no interior de Minas Gerais. Foi o que motivou sua transferência para a Penitenciária Federal de Campo Grande, de segurança máxima.
Sentinelli cumpre pena desde junho de 2013 por matar o cunhado em Niterói, no Rio, quando tinha 19 anos. A vítima, Leandro Schelck de Moraes, foi morta com oito tiros no tórax, no rosto e nas costas. Às autoridades, ele confessou o crime, mas alegou legítima defesa. Ele e a irmã disseram que o cunhado havia agredido e estuprado a mulher no mesmo dia. O corpo foi encontrado em uma rua no bairro onde moravam.
Condenado a 17 anos em regime fechado, era evangélico quando foi preso e chegou a ministrar cultos no presídio de Itaperuna, no interior do Rio, o primeiro onde ficou detido. Mas foi na unidade Bangu 9 que ele encontrou o livro A mensagem do Islã, segundo consta em seu depoimento, e resolveu se converter sozinho na prisão.
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À polícia, Sentinelli contou que também se comunicava com Welington Moreira de Carvalho, outro alvo da Operação Átila, que está preso desde meados de 2017 e teria a intenção de criar um grupo que promovesse roubos e sequestros para financiar uma célula paramilitar que apoiasse o EI no Brasil.
Sentinelli também é citado no depoimento de Harrisson de Souza Andrade, que foi preso e liberado pela Polícia Federal, como um dos principais “associados” de Welington. Segundo depoimento de Harrisson, Sentinelli teria prometido fornecer uma pistola 9mm e fuzis para Welington – Jhonathan Sentinelli nega.
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À família, o preso garante que vai provar sua inocência. O defensor público Carlos Macedo, que representa Sentinelli no caso, diz que o réu está sendo criminalizado apenas por compartilhar vídeos e trocar mensagens na internet, que a acusação do MPF usa o termo genérico “promover”, que consta na lei antiterrorismo, para punir a divulgação de material de grupos terroristas.
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