KIEV - A Rússia afirmou nesta quinta-feira, 1, que impediu uma tentativa de “invasão” de forças da Ucrânia na região fronteiriça de Belgorod, no sudoeste do país, com dezenas de soldados e tanques após um novo bombardeio de Moscou em direção a capital ucraniana, Kiev, que deixou pelo menos dez feridos e três mortos.
O exército russo indicou que cerca de 200 soldados, tentaram “invadir o território russo”, mas diz ter repelido a operação. O Ministério da Defesa russo especificou que “três ataques realizados por grupos terroristas ucranianos foram repelidos graças à dedicação dos militares russos”. Os soldados foram apoiados pela força aérea, que realizou 11 ataques, e pela artilharia, que lançou 79, disse ele.
O governador de Belgorod, Viacheslav Gladkov, relatou “bombardeios ininterruptos” da Ucrânia na área, inclusive com lançadores de foguetes múltiplos Grad, muito destrutivos.
Os bombardeios tiveram como alvo a cidade de Shebekino, com população de 40.000 habitantes e que fica a cerca de 10 km da fronteira ucraniana. Os ataques deixaram uma dúzia de feridos e danificaram vários edifícios.
Também houve ataques na aldeia de Novopetrovka, que feriram dois professores de uma escola local.
“É claro que as vidas de civis e da população estão ameaçadas. Acima de tudo, em Shebekino e nas aldeias vizinhas”, enfatizou Gladkov, acrescentando que as evacuações serão organizadas assim que “a situação se acalmar”.
Guerra de versões
Segundo Gladkov, “o inimigo não penetrou no território da região de Belgorod”.
O governador desmentiu informações divulgadas pela manhã por alguns canais do Telegram segundo as quais as forças ucranianas teriam feito um “avanço” na região.
“A situação em Shebekino é difícil no momento, há bombardeios, ouvimos os confrontos. As tropas russas estão fazendo seu trabalho, mas não há avanço das forças ucranianas”, disse uma célula de crise estabelecida na região pelas autoridades .
Os bombardeios e incursões aumentaram nas últimas semanas na Rússia, enquanto Kiev diz que está preparando uma grande contraofensiva com o objetivo de expulsar as forças russas dos territórios que ocupam na Ucrânia.
Na semana passada, uma incursão armada da Ucrânia foi registrada nesta região.
Desde então, várias áreas de Belgorod ficaram sob fogo de artilharia pesada e morteiros, bem como ataques de drones, de acordo com as autoridades locais.
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As autoridades anunciaram na quarta-feira, 31, o início da evacuação de menores de algumas zonas fronteiriças.
Segundo Gladkov, 200 pessoas, incluindo mães com filhos pequenos, deveriam deixar a região na quinta-feira, e 600 pessoas serão evacuadas no sábado, 3, para acomodações temporárias em outras cidades russas.
Bombardeio russo mata criança em Kiev
Segundo o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, uma menina de nove anos, a mãe dela e outra mulher morreram no bombardeio que atingiu Kiev nesta quinta-feira, que também causou danos a prédios de apartamentos, veículos, a uma clínica médica e uma tubulação de água.
A Rússia tem realizado repetidos ataques contra Kiev, utilizando drones e lançando mísseis desde o início da invasão, porém, os ataques à capital intensificaram-se consideravelmente no último mês, à medida que a Ucrânia se prepara para a contraofensiva com novos armamentos fornecidos por países ocidentais.
Invasão do território russo
De acordo com documentos do Pentágono que foram vazados e circularam na plataforma de mensagens Discord, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, se mostra mais agressivo do que aparenta, sinalizando uma vontade de atacar a Rússia.
As sugestões de Zelenski a seus generais, obtidos por fontes de inteligência americana, eram audaciosas: ocupar vilarejos russos para ganhar poder de barganha em relação a Moscou, bombardear um oleoduto que leva petróleo russo para a Hungria, um país-membro da Otan, e a busca por mísseis de longo alcance para atingir alvos dentro das fronteiras russas
Os registros foram obtidos por meio de interceptações de comunicações digitais e fornecem um raro vislumbre interno das deliberações de Zelenski em meio à guerra. O Pentágono, onde graduados comandantes militares dos EUA foram informados a respeito dos assuntos relatados nos documentos vazados, não colocou em questão a autenticidade dos materiais./AFP
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