Silenciosa, brutal, poderosa: a China do engenheiro Xi Jinping está fazendo uma demonstração de força sem sutileza ou subtexto – nas primeiras 18 horas da ação militar que já durou 4 dias, conseguiu bloquear Taiwan pelo mar e pelo ar. De quebra, disparou 11 mísseis DF-1, os menores do seu arsenal, contra objetivos ao largo e ao redor da ilha.
Pequim divulgou as coordenadas dos pontos de impacto “para garantia das rotas aéreas”. Todas as ogivas atingiram os alvos. Cinco delas desceram em águas da zona econômica do Japão. Não houve um pedido de desculpas. O governo chinês não reconhece o perímetro de interesse declarado pelos países vizinhos.
As forças da China fizeram mais. Nas primeiras 24 horas, lançaram ao menos 56 aeronaves de diversos tipos – caças, aviões de coleta de dados, bombardeiros, drones – em direção ao espaço aéreo sob controle de Taipé. Alguns deles, segundo agências de inteligência da Coreia e do Japão, bordejaram o limite taiwanês. Essa é a intenção.
Sob ameaça de uma invasão, a aviação da ilha é obrigada a despachar duplas de jatos de interceptação. A missão custa caro. Especialistas do Centro Internacional de Estudos Estratégicos, de Washington, estimam que a conta de cada saída de um F-16 Falcon de Taiwan, armado com quatro mísseis leves de combate aéreo, bate fácil US$ 35 mil. Isso se o voo durar cerca de 60 minutos. E se tudo correr bem. Além disso, permite ao “inimigo” aferir informações valiosas, como o tempo e o modo da reação dos procedimentos de defesa.
Os mísseis DF-1 têm 38 anos de história. Permanentemente atualizados, podem levar cargas explosivas de 300 kg a 500 kg a distâncias de 300 km até 700 km utilizando sistemas digitais de navegação. Todas as versões permitem o uso de ogivas nucleares de baixa potência, entre 2 e 5 kilotons, de uso tático, no campo de batalha.
A Marinha da China mobilizou dois porta-aviões, fragatas pesadas, equipadas com helicópteros e submarinos lança-mísseis para fechar os seis eixos de acesso aos terminais marítimos de Taiwan. Por extensão, o espaço aéreo também foi considerado zona de perigo. Os terminais civis de Fuzhou e Xiamen cancelaram 200 voos.
O exercício vai até o meio-dia de domingo. Na sexta-feira, o Ministério da Defesa da China anunciou que a fase dos ensaios com munição real foi encerrada, da mesma forma como fora levantada a interdição naval. Mas a linha que divide o Estreito de Taiwan foi sobrevoada várias vezes pelos avançados jatos supersônicos chineses J-20, com capacidade de escapar da detecção por radar, e também por esquadrilhas da versão própria do caça russo Sukhoi-35S que pode levar até 8 toneladas de mísseis, foguetes e bombas.
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