Os líderes aborígines australianos, apoiados por dirigentes da Igreja Católica local, aceitaram o pedido de desculpas apresentado pelo papa João Paulo II, no documento "Ecclesia in Oceania", pelas injustiças cometidas contra os aborígines por representantes da Igreja, mas pedem por isso uma compensação econômica. O documento - que ganhou grande destaque nos meios de comunicação porque para enviá-lo à Oceania o papa recorreu à Internet - trata dos temas discutidos durante o Sínodo dos bispos daquele continente, celebrado no Vaticano em 1998. O pontífice pediu perdão pelos abusos sexuais contra a população indígena praticados por sacerdotes e religiosas. Em seu pedido de desculpas, o papa se dirigiu especialmente aos aborígines da "geração roubada", separados desde pequenos de suas mães e entregues a instituições religiosas ou a famílias brancas, de acordo com uma política de "assimilação" que perdurou até meados dos anos 70. A reação às palavras do papa não tardou a chegar. O bispo-auxiliar de Canberra, Pat Power, declarou que a Igreja Católica australiana deveria considerar a possibilidade de acrescentar às desculpas do papa doações em dinheiro a título de ressarcimento aos nativos. Logo em seguida, o presidente da associação "Geração perdida dos aborígines", Maurie Ryan-Japarte, aceitou o mea-culpa papal mas falou sobre as "possibilidades" expostas pelo bispo Power. Além disso, segundo o líder aborígine, a atitude de João Paulo II deveria servir de exemplo para o primeiro-ministro conservador John Howard que, ao contrário, em várias ocasiões se recusou a indenizar a população aborígine pelos maus tratos e injustiças cometidos pelas autoridades do país.
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