WASHINGTON - As acusações criminais federais contra o deputado George Santos dividiram os republicanos da Câmara nesta quarta-feira, 10. De um lado, os líderes do partido sinalizam que nenhuma ação imediata adicional seria tomada contra Santos. De outro, muitos de seus colegas do Partido Republicano de Nova York reiteraram seus apelos para que ele renunciasse.
Em uma entrevista coletiva, o líder da maioria na Câmara, deputado Steve Scalise, observou que Santos já havia renunciado a suas atribuições em comissões em meio ao escândalo sobre as invenções em sua biografia. Scalise não respondeu diretamente à pergunta de um repórter sobre se o legislador, que está em seu primeiro mandato, deveria renunciar.
“Na América, existe a presunção de inocência, mas são acusações sérias. Ele vai ter de passar pelo processo legal. Esse processo judicial vai se desenrolar sozinho”, disse Scalise.
Para Entender
Seus comentários ecoaram os do presidente da Câmara, Kevin McCarthy, que disse que os membros indiciados do Congresso devem manter seu direito de voto na Casa enquanto aguardam o julgamento.
“Se uma pessoa é indiciada, ela não fica nas comissões. Elas têm direito a voto, mas têm de ir a julgamento”, disse.
Críticas no próprio partido
Vários dos críticos republicanos mais vocais de Santos representam distritos altamente competitivos, onde o desgosto do eleitor com Santos também pode respingar neles. “Mais uma vez, peço a este fraudador em série que renuncie ao cargo”, disse o deputado Anthony D’Esposito, em um comunicado.
”Essas acusações nos aproximam de nunca mais ter de falar sobre esse perdedor mentiroso”, disse o deputado Nick LaLota.
Para a liderança da Câmara, enquanto isso, a perda temporária mesmo que de apenas um voto do Partido Republicano tem o potencial de causar dores de cabeça na Casa, que está estreitamente dividida.
Os republicanos têm 222 assentos, enquanto os democratas têm 213.Santos, de 34 anos, se declarou inocente de todas as acusações durante uma audiência em um tribunal federal em Central Islip, Nova York, na tarde desta quarta-feira. Ele foi acusado de fraude, lavagem de dinheiro, roubo de fundos públicos e declarações falsas.
Os democratas reafirmaram seus pedidos de renúncia de Santos, e alguns sugeriram que é irônico que os republicanos da Câmara estejam pressionando um projeto de lei nesta semana que supostamente diminuiria os esforços para combater fraudes ligadas a benefícios do seguro-desemprego. De acordo com as acusações apresentadas pelos promotores, Santos solicitou de forma fraudulenta o recebimento do seguro-desemprego quando era empregado e candidato ao Congresso em 2020./ W. POST
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