África do Sul concede imunidade para Putin ir à cúpula do Brics

Presidente russo é alvo de um mandado de prisão internacional expedido pelo Tribunal de Haia; Chanceler sul-africana diz que imunidade é garantida por convenção da ONU

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Por Redação

JOHANNESBURGO – A África do Sul afirmou que concederá imunidade diplomática aos participantes de duas reuniões de autoridades do grupo de países Brics – uma prática que o governo disse ser rotineira – enquanto se prepara para receber o presidente russo, Vladimir Putin, alvo de um mandado de prisão internacional, em uma cúpula em agosto.

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A imunidade abrange uma reunião de ministros das Relações Exteriores do bloco, que agrupa Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que ocorrerá na Cidade do Cabo de amanhã a sexta-feira, segundo o Diário do Governo. Também se aplica a uma cúpula dos chefes de estado dos Brics programada para ocorrer de 22 a 24 de agosto, disse o Departamento de Relações Internacionais e Cooperação no comunicado oficial.

“As imunidades e privilégios que serão concedidos aos participantes da reunião de chanceleres dos Brics e da cúpula dos Brics são os previstos na Convenção de 1946 sobre os Privilégios e Imunidades das Nações Unidas e a Convenção de 1947 sobre os Privilégios e Imunidades dos Organismos Especializados”, afirma um documento assinado na segunda-feira pela ministra das Relações Internacionais sul-africana, Naledi Pandor.

Imagem de 2021 mostra participação do presidente russo Vladimir Putin na cúpula do Brics. Este ano, presidente deve ir à África do Sul com imunidade diplomática Foto: Marcos Correa / Presidência da República

Perante a reação de alguns meios de comunicação sul-africanos, o porta-voz da chancelaria, Clayson Monyela, afirmou nesta terça-feira, pelo Twitter, que “estas imunidades não anulam qualquer ordem judicial que possa ter sido emitida por um tribunal internacional contra qualquer participante da conferência”.

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“Essas imunidades são padrão para organizar conferências e cúpulas internacionais. Todos os países concedem imunidades semelhantes”, acrescentou.

Segundo Monyela, a ordem se destina a “proteger” a cúpula das economias emergentes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e “não indivíduos específicos”.

Pandor confirmou no último mês de março que seu país convidou Putin a participar da cúpula dos Brics, apesar do mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele por supostos crimes de guerra, embora tenha admitido que essa ordem é “motivo de preocupação”.

Como membro do TPI, a África do Sul é obrigada a cooperar na prisão de Putin.

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O país africano afirma ter adotado uma posição neutra na guerra da Rússia contra a Ucrânia, e tem apelado ao diálogo e à diplomacia para resolver o conflito.

Essa posição não está apenas ligada ao papel estratégico político e econômico que Moscou tem em alguns países africanos, mas também a razões históricas como o apoio russo aos movimentos anticoloniais e de libertação do século 20, como a luta contra o regime segregacionista do apartheid.

Nesse contexto, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, propôs aos seus homólogos da Ucrânia e da Rússia o envio de uma “missão de paz de dirigentes africanos” para encontrar uma solução pacífica para a guerra entre os dois países.

Brasil, Rússia, Índia e China criaram o grupo Bric em 2006, ao qual a África do Sul se juntou em 2010, acrescentando a letra S à sigla atual. /EFE

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