GENEBRA -Agências da ONU alertaram na segunda-feira, 19, para o risco de uma explosão de mortes de crianças na Faixa de Gaza em virtude da falta de alimentos, crescente desnutrição e rápida propagação de doenças.
Mais de quatro meses após o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, estas agências alertaram que os alimentos e a água potável são extremamente escassos no território palestino e quase todas as crianças sofrem de doenças infecciosas.
“A Faixa de Gaza está prestes a assistir a uma explosão no número de mortes infantis evitáveis, o que poderá exacerbar o nível já insustentável de mortes infantis em Gaza”, disse Ted Chaiban, vice-chefe de ação humanitária da Unicef.
Pelo menos 90% das crianças menores de cinco anos em Gaza sofrem de uma ou mais doenças infecciosas, de acordo com um relatório da Unicef, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Programa Alimentar Mundial (PMA).
Nas duas semanas anteriores a este relatório, 70% deles sofreram de diarreia, o que é 23 vezes mais do que o período equivalente em 2022.
“A fome e a doença são uma combinação mortal”, disse Mike Ryan, gestor de situações de emergência da OMS, em um comunicado.
Desnutrição
De acordo com a avaliação da ONU, mais de 15% das crianças com menos de dois anos de idade sofrem de “desnutrição aguda” no norte de Gaza, onde a ajuda humanitária não consegue chegar em abundância. No sul do enclave palestino, a percentagem é de 5%, segundo dados recolhidos em janeiro.
“Este declínio da situação alimentar da população em três meses não tem precedentes no mundo”, afirmaram estas agências da ONU.
A guerra no enclave palestino começou no dia 7 de outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense, mataram 1.200 pessoas e sequestraram 240. A ação é considerada o pior ataque contra judeus desde o Holocausto e o pior ataque terrorista da história de Israel. Depois dos atos terroristas do Hamas, Tel-Aviv iniciou uma operação na Faixa de Gaza, com bombardeios aéreos e invasão terrestre, que resultaram na morte de mais de 28 mil palestinos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas.
Ramadã
Em meio a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou uma decisão que pode escalar ainda mais as tensões. Durante o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos. que começa no dia 10 de março, Israel deve impor medidas de segurança na Mesquita Al-Aqsa.
Saiba mais
A mesquita é um dos lugares mais sagrados para os muçulmanos e está em um complexo que também tem uma importância religiosa para os judeus. As regras de circulação dentro do local são questionadas por muçulmanos há anos. O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, que faz parte da extrema direita do país, já declarou que queria aumentar o número de judeus que podem entrar no complexo.
O grupo terrorista Hamas afirmou que os palestinos devem ignorar esta decisão e viajar para a mesquita independente do controle de circulação./ com AFP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.