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Agenda anticurda de terceiro colocado na Turquia favorece Erdogan no segundo turno

Sinan Ogan afirmou que apoio à oposição no segundo turno das eleições turcas só acontecerá se não houver concessões a curdos

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Por Redação
Atualização:

O candidato ultranacionalista à presidência da Turquia, Sinan Ogan, que ficou em terceiro lugar nas eleições deste domingo, 14, disse que só apoia no segundo turno o principal candidato da oposição, Kemal Kilicdaroglu, se este não oferecer concessões a um partido pró-curdo. A declaração favorece o atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, que teve 49,5% dos votos no primeiro turno.

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Em entrevista à agência de notícia Reuters, Ogan afirmou que ainda irá consultar a base de apoiadores para decidir se apoia Kilicdaroglu, mas de antemão falou sobre seus limites para isso. “Já deixamos claro que a luta contra o terrorismo e o envio de refugiados de volta são nossos l imites”, declarou.

Ogan obteve 5,2% no primeiro turno das eleições presidenciais e emergiu como um político-chave após o segundo turno, marcado para o dia 28. Erdogan liderou o primeiro turno com 49,5% dos votos, contra 45% de Kilicdaroglu. Os dois disputam o segundo turno.

Candidato à presidência da Turquia, Sinan Ogan, em imagem do dia 14. O ultranacionalista ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições Foto: Yves Herman/Reuters

Ogan, um ex-acadêmico de 55 anos, participou do primeiro turno da eleição presidencial como candidato da ATA, uma aliança de partidos ultranacionalistas turcos liderada pelo Partido da Vitória, conhecido por sua postura anti-imigração. Ele disse que o objetivo é remover dois partidos majoritariamente curdos da “equação política” da Turquia e reforçar os nacionalistas e secularistas turcos. “E os resultados eleitorais mostraram que conseguimos isso”, afirmou à Reuters.

O HDP, pró-curdo, apoiou Kilicdaroglu nas eleições presidenciais, enquanto o curdo-islâmico Huda-Par apoia Erdogan.

Ogan disse que ainda não se encontrou com Erdogan ou Kilicdaroglu desde a votação de domingo, mas sinalizou que estaria aberto à negociação “com base em seus princípios”. “Por exemplo, poderíamos assinar um protocolo com a Aliança Nacional (para endossar Kilicdaroglu) para deixar claro que eles não fariam concessões ao HDP. Simples assim”, disse.

O político entrou no Parlamento turco em 2011 com o nacionalista turco MHP. Em 2015, ele tentou se tornar líder do partido, mas fracassou e depois foi expulso.

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Resultado do primeiro turno

Embora a disputa entre Erdogan e Kilicdaroglu tenha sido apertada o suficiente para impor ao atual presidente o maior desafio em seus 20 anos de poder, ele sai com vantagem para o próximo turno, principalmente após manter a maioria no Parlamento.

A votação determinará se a Turquia, um país estrategicamente localizado entre o Ocidente e o Oriente, membro da Otan, mas cortejado pela Rússia e pela China, permanecerá sob o controle firme de Erdogan e seu governo cada vez mais autoritário, ou poderá embarcar em um curso mais democrático prometido por seu principal rival, Kemal Kilicdaroglu.

Cidadã caminha diante de cartazes do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, nesta segunda-feira, 15. Erdogan vai disputar segundo turno inédito nas eleições do país Foto: Emrah Gurel/AP

Embora vá para o segundo turno com um adversário que lhe impõe sérios riscos, Erdogan mostrou confiança com a vitória. “O fato de os resultados das eleições não terem sido finalizados não muda o fato de que a nação nos escolheu”, disse Erdogan, 69, a apoiadores nas primeiras horas da segunda-feira. Seu resultado foi de fato maior do que o projeto pelas pesquisas.

Já Kilicdaroglu acusou seus oponentes de obstruir a votação e tentar manipular os resultados “Eles estão bloqueando o sistema com repetidas objeções”, afirmou Kilicdaroglu em um discurso televisionado da sede de seu partido. “Há urnas que foram contestadas seis vezes. Há urnas que foram contestadas 11 vezes. Não vamos permitir que isso seja um fato consumado. Parem de brincar com o gerenciamento da votação”, disse.

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