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Ajuda humanitária deve entrar em Gaza a partir de sábado, afirma ONU

Cidade de Gaza que faz fronteira com o Egito vem sendo bombardeada por Israel; funcionários egípcios têm feito reparos na fronteira para permitir passagem dos caminhões

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Foto do author Giovanna Castro
Por Giovanna Castro, Yahya Hassouna e Majeda El-Batsh
Atualização:

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou nesta sexta-feira, 20, que os caminhões com ajuda humanitária devem conseguir entrar na Faixa de Gaza neste sábado, 21, considerando o prazo mais rápido para a abertura da fronteira do território palestino com o Egito, que foi bombardeada e vem sendo recuperada por funcionários egípcios. Cerca de 150 caminhões aguardam há vários dias para atravessar o único ponto de entrada para Gaza que não é controlado por Israel.

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Segundo o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, a ajuda humanitária internacional deve começar “amanhã (sábado) ou depois” a entrar no território palestino onde vivem 2,4 milhões de pessoas. “Nós estamos em negociações profundas e avançadas com todas as partes relevantes para garantir que uma operação de ajuda em Gaza comece o mais rápido possível”, afirmou.

A população palestina aguarda a chegada de produtos básicos sob os intensos bombardeios de represália de Israel, após o ataque de 7 de outubro do grupo terrorista Hamas. Ao Estadão, o cidadão palestino e brasileiro Alajrami Ahmed, que está na cidade fronteiriça, Rafah, disse que “há um bombardeio muito violento à noite” na cidade. “Estamos todos (cidadãos brasileiros) bem”, mas “não conseguimos dormir”, afirmou.

Caminhões que transportam ajuda humanitária para os palestinos aguardam a reabertura da fronteira do Egito com Gaza, na passagem de Rafah Foto: Reuters

O governo brasileiro enviou 40 purificadores de água e duas caixas com medicamentos, além de outros suprimentos, para os brasileiros que estão em Gaza. Estes produtos também estão parados na fronteira, aguardando permissão para entrar.

O embaixador do Brasil da Palestina, Alessandro Candeas, disse ao Estadão, no entanto, que assim que a fronteira for aberta, os brasileiros já serão transportados ao Egito. Um avião cedido pela presidência da República aguarda na capital, Cairo, para trazê-los ao Brasil.

‘Acesso humanitário rápido e sem obstáculos’

O secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou nesta sexta-feira, 20, a fronteira sul de Gaza para preparar a chegada da ajuda ao território palestino. Na quinta-feira, 19, durante uma visita ao Cairo, ele pediu um “acesso humanitário rápido e sem obstáculos”, assim como um “cessar-fogo humanitário imediato”.

Os blocos de concreto instalados pelos egípcios na passagem de fronteira desde o início dos bombardeios israelenses em Gaza foram retirados, informou uma fonte das forças de segurança egípcias à AFP.

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O canal egípcio AlQahera News, próximo aos serviços inteligência do país, informou na quinta à noite que a passagem de Rafah seria aberta nesta sexta. Esta também era a expectativa de Candeas e do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que afirmou ter conseguido permissão do presidente egípcio, Abdel Fatah Al Sisi, para que até 20 caminhões de suprimentos enviados pelos EUA passem por Rafah.

“Precisamos de acesso sem restrições e entregar nossa ajuda vital de forma segura. O tempo é curto”, afirmou o Unicef na rede social X. Segundo Michael Ryan, diretor para situações de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), o acordo de Biden com o Egito é uma “gota de água no oceano das necessidades”. “Seriam necessários 2.000 caminhões”, disse Ryan.

Ameaça de ofensiva terrestre de Israel em Gaza

Israel continua concentrando tropas ao redor de Gaza para uma ofensiva terrestre, que será a resposta ao ataque mais violento em seu território desde a fundação do país em 1948. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, visitou as tropas na linha de frente, perto de Gaza, onde pediu que vençam “com toda a força necessária”.

“Agora vocês observam Gaza de longe, em breve a verão por dentro”, disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, às tropas na quinta-feira. Foguetes também foram lançados a partir do território palestino contra Israel, segundo os correspondentes da AFP.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, vestindo um colete protetor, fala com soldados israelenses em uma área de concentração perto da fronteira com a Faixa de Gaza, no sul de Israel, quinta-feira, 1º de outubro. 19, 2023. Foto: AP Photo/Tsafrir Abayov

O alto comissário da ONU para os refugiados afirmou que a situação é muito preocupante em Gaza. “Qualquer nova escalada ou mesmo continuação das atividades militares será simplesmente catastrófica para o povo de Gaza”, disse Filippo Grandi. Ele também disse que as consequências de uma propagação do conflito para o Líbano e outras áreas da região seriam “incalculáveis”.

A tensão já é elevada na Cisjordânia, o outro território palestino ocupado por Israel, onde pelo menos 81 pessoas morreram desde o início do conflito. Na fronteira com o Líbano, o cenário também é de ataques entre as tropas israelenses, o grupo Hezbollah e milícias palestinas.

Diante dos incidentes com combatentes do Hezbollah ao longo da fronteira, Israel ordenou nesta sexta-feira o esvaziamento da cidade israelita Kiryat Shmona, que fica na fronteira com o Líbano.

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Entenda o conflito que deu origem ao entrave na fronteira

O grupo terrorista Hamas, que governa a Faixa de Gaza, cometeu em 7 de outubro um ataque sem precedentes contra Israel, desencadeando a guerra. O Hamas se diz contra a criação do estado de Israel em um território historicamente palestino – isso aconteceu após a segunda guerra mundial, em 1948, quando a ONU cedeu a terra, antes governada pela Inglaterra, aos judeus.

O Hamas condena também as infiltradas feitas pelo governo israelita no território que permaneceu árabe após a concessão de parte terra aos judeus. Há décadas o grupo terrorista e Israel duelam na região.

Neste novo conflito, até o momento, mais de 1.400 pessoas morreram no território israelense, a maioria civis baleados, queimados vivos ou mutilados no ataque do Hamas, segundo as autoridades israelenses. Além disso, 203 pessoas foram sequestradas.

O Exército israelense afirmou nesta sexta-feira que a maioria dos reféns “está viva”. “Dos mais de 200 reféns que se encontram atualmente detidos na Faixa de Gaza, mais de 20 são menores de idade, entre 10 a 20 têm mais de 60 anos, e a maioria deles está viva”, afirmaram os militares em nota.

Do lado palestino, 4.137 pessoas morreram na Faixa de Gaza, incluindo mais de 1.500 crianças, nos bombardeios de represália de Israel, informou o Ministério da Saúde do Hamas em um balanço atualizado.

Bairros inteiros de Gaza foram destruídos e estão sem água, energia elétrica e alimentos. Mais de um milhão de pessoas foram deslocadas desde o cerco imposto por Israel ao território palestino, já bloqueado por terra, mar e ar desde 2007, quando o Hamas tomou o poder.

O Hamas denunciou na quinta-feira que um ataque israelense provocou mortos e feridos na igreja ortodoxa grega de São Porfírio em Gaza. As forças israelenses afirmaram que uma parede do templo foi danificada por um ataque de sua aviação contra um centro de comando do movimento islamista e indicaram que o incidente está sendo analisado.

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O grupo terrorista acusou Israel na terça-feira de bombardear também o hospital Ahli Arab em Gaza, o que teria provocado 475 mortes. O governo israelense nega e afirma ter evidências da responsabilidade da Jihad Islâmica, outro movimento palestino.

O balanço do ataque também não é claro: um relatório da inteligência americana, ao qual AFP teve acesso, afirma que está “na parte inferior do espectro de 100 a 300″ pessoas mortas. / Com informações da AFP

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